terça-feira, 2 de setembro de 2014

Capítulo XLIX


  O relógio despertou por volta das sete horas da manhã e a casa não se assemelhava em nada àquele lugar triste e solitário no qual Hanz se encontrava quando fora dormir.
  Ele estava alegre por poder rever seus familiares, pela viagem agora feliz que faria e pelo amor incondicional que agora nutria por Tatiana.
  Pela imposição de seu corpo físico ele infelizmente não era capaz de se recordar dos detalhes do que havia vivido no plano espiritual, mas as impressões que ainda  estavam presentes nele traziam paz e tranqüilidade ao seu coração que já não mais carregava o peso da tristeza e do desapontamento.
  Hanz abriu a janela de seu quarto e deparou-se com o clima que só aquela terra tão querida era capaz de lhe proporcionar: o sol forte brilhando no céu límpido parecia lutar com o frio e a umidade do ar que esfriou seu rosto. A lembrança da luta que todas as pessoas realizavam entre a felicidade e a tristeza, o amor e o ódio, o bem e o mal ao longo de suas vidas assemelhavam-se àquela que agora ele presenciava.
  Pensou em como tudo havia terminado bem, mesmo estando novamente sozinho, mas isso já não mais lhe causava tristeza, o importante é que ele e seus amigos Renzo e Cibele também estavam bem naquele momento, livres e seguindo seu caminho.
  Após alguns minutos ele já conduzia o veículo de seus sonhos pelas ainda desertas ruas daquela cidade para ele muito querida e que lhe proporcionara momentos de grande felicidade.
  Lentamente ele subia a ladeira que a cada instante o deixava mais distante daquela travessa na qual por diversas vezes ele passara suas férias na infância. Admirava as belas casas, as ruas arborizadas e as agradáveis lojas em que muitas vezes fizera compras, mas não sentia-se mais triste por deixar tudo aquilo para trás pois sabia que poderia retornar àquela cidade sempre que desejasse.
  Olhou para uma enorme árvore frondosa que havia numa praça em seu caminho e nela pareceu ver os olhos serenos e carinhosos de seu pai acompanhando-o.
  - Obrigado meu pai. Tudo o que sou hoje devo ao senhor e farei sempre o melhor para que orgulhe-se sempre de mim... – disse ele baixinho como que despedindo-se dele.
 Já na bela avenida que o conduzia à rodovia, ao admirar o belo lago onde ficava o anfiteatro da cidade ele pareceu ver o rosto de Tatiana, sua amada.
  - Fique com Deus Tati, obrigado por tudo e esteja certa de que algum dia eu estarei junto de você. Nunca se esqueça: eu te amo. – disse ele mais uma vez, no mesmo tom de voz.
  Ao alcançar finalmente a longa rodovia que o levaria até a capital Hanz não mais carregava em seu coração nenhum sentimento negativo. Apenas o amor, a gratidão e a saudade.
  Apesar do que chegou a imaginar por alguns momentos, ter vindo morar naquela cidade não havia sido em vão, não haviam acontecido somente fatos tristes, várias sementes haviam sido plantadas e muito havia sido aprendido e ensinado não só por ele mas como por todos que com ele haviam convivido.
  Hanz agora sabia: tudo o que acontece na vida de um homem, tanto as coisas alegres quanto as tristes, têm um motivo sublime de ser mesmo que num primeiro momento não lhes seja possível enxergar o lado positivo das coisas...
  E ao som de Slaying the Dreamer, da banda Nightwish, Hanz pôs-se de volta à capital...

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