terça-feira, 29 de outubro de 2013

Capítulo V



Já passava da uma da manhã, a boate já tinha sua capacidade esgotada, mas nada de Renzo aparecer. Bianca por vezes parecia esquecer disso mas sempre que olhava para Hanz parecia pedir sua ajuda, o que evidenciava sua preocupação.
     O rapaz sentia-se mal por não poder fazer nada e também estava preocupado com o amigo, tentava imaginar onde ele poderia estar mas nenhum lugar vinha à mente já que naquele horário a academia jamais estaria aberta.
     Mas lhe confortava a idéia de que aquele sumiço talvez fizesse parte de um plano do amigo para surpreender a namorada, mas esta, ao encarar Hanz trazia-lhe de volta a preocupação.
     Apesar de estar detestando aquele lugar onde o som extremamente alto e o calor insuportável entorpeciam os sentidos ele de certa forma consolava Bianca, o que era-lhe um consolo por estar ali. Por vezes pensava em ir para casa, afinal á havia cumprido seu papel, mas receava que Renzo jamais o perdoasse por abandonar Bianca naquela situação caso alguma coisa realmente grave tivesse acontecido.
     Mesmo em silêncio, bebericando alguma coisa, por vezes rindo de alguma piada de alguém da mesa que ele mal ouvira, ele estava dando apoio á aniversariante, e isso lhe fazia bem, saber que estava sendo útil de alguma forma.
     Mas a natureza chamou-o a realidade, fazendo com que fosse obrigado a cruzar quase toda a boate em busca do banheiro, abandonando assim a mesa.
     Com certeza ele preferia cruzar um campo minado ao invés de ter que atravessar por todo o salão abarrotado de pessoas suadas e cheirando a bebida.
     “Droga, espero que eu consiga segurar até lá. Como esse povo agüenta esse calor insuportável??”
     Em meio a trombadas e pisões Hanz chega ao seu destino e após fazer o que devia parte em retorno à mesa da aniversariante, ainda pensando na hipótese de sair do lugar e voltar para sua casa tranqüila.
     Enquanto caminha por entre a multidão de pessoas enlouquecidas por suas descargas hormonais eis que uma pesada mão agarra-lhe pelo ombro.
     - Era contigo mesmo que eu precisa falar fiu!!!
     Hanz já imagina tratar-se de algum playboy a fim de briga e fica pensando onde diabos Renzo estaria naquele momento para dar um jeito no infeliz, mas ao virar-se obtém instantaneamente a resposta para essa questão. Hanz depara-se com o amigo em trajes nada condizentes com a ocasião, na verdade, com as mesmas roupas com que tinha ido à sua casa na última tarde.
     - Renzo, pô meu, o que aconteceu cara? Sua mina tá morrendo de preocupação com você!!!
     - Eu imagino. Vem comigo fiote, me segue, vamos sair daqui.
     - Porra, dá um toque pra Bianca antes pelo menos.
     - Não Hanz, deixa quieto, amanhã eu falo com ela, não to a fim de estragar a noite dela. Amanhã eu explico tudo pra ela, vamo nessa. – Renzo segue rumo à saída, visivelmente nervoso, certo de que Hanz o está seguindo como pediu.
     Por um lado o fato de sair dali era um alívio para o rapaz mas a expectativa do que podia ter acontecido para deixar o amigo transtornado daquela forma o preocupava.
     Ambos seguem até o carro de Renzo, que mantém-se em silêncio.
     - Você tá bem meu? Você parece mal Renzo, o que foi?
     - Calma aí fiote, vamos parar em algum lugar, comer e beber alguma coisa porque to verde de fome, daí a gente conversa na boa.
     O jeito foi concordar, não havia outro jeito, a ansiedade por saber o motivo de tanto mistério consumia Hanz, mas preferia não pressionar o amigo, ele contaria no momento que achasse melhor.
     Não demorou muito e Renzo decidiu parar em uma lanchonete quase no final da avenida, que àquele horário e devido também ao frio, não tinha muito movimento.
     Entraram e sentaram-se bem ao fundo, calados.
     Renzo fez o pedido, uma cerveja e duas porções, uma de anéis de lula e outra de provolone à milanesa. Estava visivelmente nervoso mas ainda mantinha-se calado sem nem sequer olhar para o amigo.
     - Porra, você tá com fome mesmo heim. – brincou Hanz tentando quebrar aquele clima pesado.
     Renzo deu um sorriso com o canto da boca só pra não deixar o amigo no silêncio, mas ainda não parecia disposto a falar.
     - Pensei que você fosse pedir um sanduíche ou algo do tipo, essas porções matam sua fome?
     - Se não matarem eu peço mais alguma coisa. A não ser que você não goste do que pedi, se for isso, pode pedir alguma outra coisa, não esquenta não.
     - Não, não Renzo, eu gosto sim, é que como você disse que estava com fome... por mim tudo bem.
     O silêncio persistiu até o momento em que o grandalhão pôde tomar seu primeiro gole de cerveja, depois disso ele desandou a falar, como se fosse um gravador.
     - Fiu, depois que eu saí da sua casa eu resolvi alguns negócios e passei na minha tia, ia confirmar se minha prima iria na festa, quando cheguei lá encontrei as duas chorando cara, aquilo me cortou o coração, mas eu não tava entendendo nada. O foda foi quando descobri o motivo do choro fiu. Um maloqueiro filho da puta lá do bairro delas, que o pessoal chama de Chacal, tentou estuprar minha prima fiu, por Deus ela escapou. Fiu, a menina tem quinze anos!!! Perdi totalmente o controle... coloquei ela no carro e saí atrás do infeliz.
     Uma pausa para mais um gole de cerveja, Hanz ouvia o amigo silenciosamente, já imaginando o desfecho do episódio.
     - O filho da puta tava bebendo num boteco como se nada tivesse acontecido, pedi pra minha prima me mostrar quem era ele. Fiu, você não imagina o olhar dela quando viu o cara, o horror nos olhos dela, puts. Perguntei pra ela “Você quer ver isso?”, e ela disse que não, que queria ir pra casa, eu então levei ela de volta e depois voltei atrás do miserável, ele ainda tava lá bebendo sossegado, rindo, junto com dois camaradinhas dele.
     A história é interrompida pela chegada do garçom trazendo o restante dos pedidos.
     O aroma das porções torna obrigatória uma pausa no relato, Renzo devia estar em jejum desde o almoço.
     - Sim, e quantas costelas você quebrou do cara?
     Renzo encara o amigo e não se contém, ambos começam a rir.
     - Fiu, os três devem estar no pronto socorro uma hora dessas tentando descobrir qual foi o caminhão que atropelou eles.
     - É, foi mais ou menos isso que eu imaginei mesmo.
     Os dois já pareciam estar mais relaxados, e a conversa começou a fluir mais sossegadamente, sem o ar tenso que havia no início.
     - Dá pra entender o motivo de você não ter aparecido na festa, a Bianca vai entender com certeza.
     - Vai sim. Realmente eu não estou com cabeça pra festa não fiote. Sabia que ia te encontrar lá e queria conversar contigo, você é um amigão mesmo fiote.
     - Valeu Renzo, você sabe que pode contar comigo pro que precisar.
     - Nossa fiote, to surpreso contigo. Pensei que você fosse me passar o maior sermão por causa do que eu fiz... ainda bem que você entende o meu lado.
     - Meu, nem tem porque passar sermão cara, o vagabundo tenta estuprar sua prima de quinze anos e você acha que ele merece o quê? Você tinha que telefonar pra polícia, esperar a boa vontade deles em fazer alguma coisa, depois sua prima ter que ir fazer exame pra comprovar o crime e blá blá blá? Porra, ninguém tem sangue de barata não cara, você tá mais do que certo de ter feito o que fez, o único problema seria se os caras estivessem armados, daí você podia ter se ferrado, mas como provavelmente eles não estavam, você tá mais do que certo Renzo.
     - É bem por aí mesmo, os caras tiveram o que mereceram, mexeram com quem não deviam. Eu só to chateado porque a menina tá com um puta trauma, se você visse o rostinho dela fiote...
     - Imagino mesmo, é foda, será que o que você fez vai fazer ela se sentir melhor?
     - Não sei, seria bom se fizesse. Mas sabe fiote, na hora que eu peguei eles foi diferente, era como se tudo saísse automaticamente, eu não tive que me segurar como acontece quando tem briga na boate, eu parti com tudo mesmo, liberei toda minha raiva e fui  pra cima, sem dó, sem me preocupar se tava detonando os caras ou não...
     - Acho que entendo você, é que normalmente quando você briga você sempre tem que se  controlar, não pode quebrar geral, e dessa vez você foi com tudo, sem se preocupar se ia matar os vagabundos ou não.
     - É isso mesmo. Cara, eu fiquei tremendo mó tempão depois, a adrenalina fervilhava no sangue cara. Quando eu peguei o primeiro, o estuprador, deitei ele de primeira, daí um dos amigos dele partiu pra cima, deitei ele na hora, mas nisso o vagabundo levantou e veio de novo em mim, daí a pancadaria comeu solta, e o terceiro ficou estático vendo aquilo tudo, o cara nem se mexia, só esperando chegar a vez dele, mas nem demorou muito não.
     - Mas o resto do pessoal do bar nem entrou no meio? Não baixou polícia não?
     - Ninguém se meteu não, mas também a coisa não demorou muito não fiote, acho que foram uns dois minutos. Quando eu vi os três arrebentados jogados no chão eu corri dali, virei a esquina pra pegar meu carro que eu deixei meio escondido e saí fora, nem sei se baixou polícia.
     - Porra, você pensou em tudo mesmo heim. Assim nem seu carro os caras não tem como marcar. Interessante...
     Hanz sempre divergiu das leis que vigoravam no país em relação à criminalística. Sempre foi contrário à vários aspectos políticos do país, e certas coisas o indignavam como a corrupção descarada e impunidade de quem as praticava. Apesar de até então nunca ter agido mais efetivamente em relação a isso ele odiava os semi-politizados, os pseudo-intelectuais que se reuniam de final de semana para discutir política, opondo-se à tudo e à todos mas passeando em seus belos carrões e comendo caviar, sem nunca terem coragem de fazer alguma coisa para mudar aquele cenário deprimente e ainda se intitulando como revolucionários.
     Quando decidiu mudar de vida umas de suas expectativas era sair dessa passividade incrustada no povo e partir para a atividade na tentativa de fazer alguma coisa mudar, estava cansado de ver o povo engolir todo o lixo que os governantes faziam sem nenhum tipo de manifestação.
     Pela atitude de Renzo ele percebeu que se estivesse mesmo empenhado em tomar alguma atitude em relação a esses seus ideais essa amizade poderia ser o início da formação de um grupo disposto a lutar pela moralização do país.
     - Sabe o que é pior fiote? Se eu me descuidar ainda é capaz de eu ser preso taxado como bandido e os vagabundo saírem como vítima dessa.
     - Pior que é verdade, mas acho difícil de isso acontecer. O maldito atacou sua prima cara, você agiu em defesa dela, acho difícil disso acontecer.
     - Olha fiote, aqui entre nós, mas tem horas que dá saudade da época da ditadura, dos grupos de extermínio e tal... Naquela época pelo menos bandido não tinha vez não, era cadeia ou caixão e boa.
     - Tenho que concordar com você, mas acho que não adianta ficar nessa de fazer justiça por conta própria, porra, vivemos numa sociedade, o mais correto é haver uma reformulação nas leis para que as penas sejam mais severas, para que a polícia mostre para esses meliantes quem é que manda.
     - Eu sei que você não concorda comigo por causa da sua religião fiote, mas pra mim tinha que existir prisão perpétua, ou melhor ainda, pena de morte mesmo.
     - Em alguns pontos, por mais triste que seja, eu divirjo do kardecismo sim, e esse é um deles, tinha que existir a pena capital mesmo, existem crimes que são monstruosos demais, não tem como deixar o autor sair da gaiola nunca mais. Mas também não é justo esses vagabundos ficarem vivendo ás custas do povo o resto da vida. Se fosse um caso muito grave, onde não houvesse mais remédio, o jeito era pena de morte e fim de papo.
     - Foda fiote, os caras tem vida melhor na cadeia do que muito trabalhador por aí. Tem medico garantido, dentista, comida balanceada e tudo o mais enquanto muito trabalhador por aí não tem nem condições de dar de comer pros filhos.
     - É... é a inversão de valores meu. E vai inventar de mudar alguma coisa, vai a polícia matar um ou outro por aí, daí já aparecem logo os babacas dos direitos humanos pra defender esses vagabundos.
     - É verdade fiote. Eles fazem isso porque não foi um pai, uma mãe, um filho deles que sofreu algum tipo de violência. Por que eles não vão dar palpite lá nos Estados Unidos? Porque lá o bicho pega, o governo não dá moral pra eles não. Esse Brasil é que é uma festa mesmo.
     - Olha meu, eu acho que o governo tinha era que fazer essas reformas e ignorar esses sujeitos, o governo é quem tem que mandar e não eles. Que poder esses caras tem? Nenhum, nem a população dá apoio à eles...
     O silêncio retorna à mesa, os amigos terminam a cerveja e a comida, mas Hanz completa.
     - Isso tudo é muito complexo, mas acho que alguma coisa deveria ser feita para pressionar o governo em relação a essas reformas e até mesmo haver uma pressão do povo pela moralização da política no país, tudo tá uma baderna.
     - Concordo com você fiote, concordo com você.
     Após acertarem a conta os dois deixam o local que àquela altura já estava para fechar, já eram quase três da madrugada.
     Já no carro, enquanto voltam até onde Hanz deixara seu carro, a conversa prossegue.
     - Fiote, eu outra coisa, não adianta só mandar pra cadeia os ladrões de galinha, a justiça tem que ser feita em relação à todos, corruptos e etc, só assim a justiça do país será levada a sério.
     Hanz concorda fazendo sinal com a cabeça e, baseado em anos de reflexão, faz a pergunta que pode mudar o rumo da vida de ambos.
     - Renzo, o que você acha de a gente deixar de ser tão passivo e passar a fazer alguma coisa em relação à isso?
  O grandalhão olha pra ele com um sorriso enigmático.
     - Hanz, não precisa perguntar duas vezes não fiote. E tenho uma coisa pra te dizer: tem um casal de amigos meus que já deram a entender a mesma coisa e que podemos conversar com eles sobre isso.
     - Muito bom cara, mas você sabe que esse tipo de coisa deve ser conversado com gente de total confiança senão a gente pode se ferrar feio cara.
     - Fica frio, o cara é camarada meu, já conversei muito com ele sobre esse tipo de coisa e acabamos chegando a mesma conclusão que chegamos agora. Até a namorada dele partilha das mesmas idéias.
     - Então tudo bem, se você garante isso. Meu carro tá parado ali na frente.
     - Beleza fiote, vou fazer o retorno e já volto, me espera no carro, esse frio tá fogo. – fala Renzo parando o carro para Hanz descer.
     Renzo segue conforme declarou, mas enquanto Hanz pega suas chaves no bolso um rapaz se aproxima.
     - Aí dotô, quanto morre pela olhada no carango?
     É um daqueles famosos guardadores de carros que, a seu modo, cobram pelo suposto serviço prestado.
     - Só um minuto. – Hanz apanha sua carteira para entregar algum trocado ao rapaz, normalmente não mais que cinco reais, que é o valor normalmente pago nessas ocasiões.
     - Aí dotô, tá demorano heim!!
     - Calma aí amigo, to procurando aqui, não precisa de pressa.
     Hanz se irrita com a pressa do cidadão.
     - Podi sê qualqué dez real memo, não precisa sê merreca trocada não.
     - Fica pra próxima então cara, não tenho dinheiro trocado. – fala Hanz desistindo e guardando a carteira.
     O meliante se aproxima de forma que Hanz não pode abrir a porta do carro, já assustando-o, que olha em volta a procura do carro de Renzo para ter ajuda, mas o amigo está embaralhado com o trânsito e demora mais que o previsto para retornar. Hanz tenta distrair o rapaz.
     - Descola a grana aí cara, não enrola não. Ow maluco, cê tá vacilano é? Esvazia logo essa carteira aí senão o bicho vai pegar!!! – finalmente o cidadão mostra suas verdadeiras intenções.
     Essa frase já indica trata-se de um assalto, mas Hanz não percebe nenhuma arma com o rapaz, mas ainda receia um pouco pois pode haver alguma arma escondida com ele.
     O carro de Renzo já vem em sua direção, parece que o “guardador de carros” vai se dar mal.
     - Vamo mano vamo!!! Passa logo a cartera!!! – o rapaz dá um tapa na porta do carro para intimidar Hanz.
     Com essa atitude Renzo já percebe o que está acontecendo e pára seu carro em fila dupla para ajudar o amigo.
      - Se eu fosse você cara eu caía fora. – diz Hanz.
     - Aí fiu, que que tá pegando aí? – Renzo já vem ao encontro dos dois.
     O meliante percebe seu erro tarde demais pois está cercado.
     - Nada não dotô, só to pegano a grana aqui com o colega, é que eu tava olhano o carro dele.
     - É Renzo, ele só queria a carteira como pagamento. – completa Hanz cinicamente.
     - Ah é? Legal fiote, mas me diz uma coisa, você pediu pra ele cuidar do seu carro?
     - Não que eu me lembre, quando cheguei nem vi ele por aqui.
     O rapaz está entre Hanz, o carro e Renzo e percebe que está em mals lençóis.
     - Mas não tem que pedi dotô, aqui é a área que eu trabalho, parano aqui sô eu que cuido.
     - Ah, então a rua aqui é sua é? Porra, juro que não sabia que a rua tinha dono... – Renzo já está prestes a agarrar o rapaz pelo pescoço.
     - Não tem que cuidar do meu carro não cara, ele não precisa de babá. Meu carro tem alarme e seguro, e outra meu, a gente dá alguma coisa quando tem ou quando tá a fim de dar, você tava me assaltando e agora quer dar uma de coitado é?
     - Alarme ele pode tê dotô mas ele pode aparecê riscado ou sem um retrovisô...
     Foi a gota d água, Renzo agarra-o pelo pescoço.
     - Miserável, eu vou te mostrar o que que você vai riscar!!!
     Em pânico o rapaz de seus vinte anos leva a mão na cintura para pegar alguma coisa mas Renzo percebe a intenção e o impede com uma seqüência de socos no rosto.
     Hanz se afasta olhando para os lados à procura de um policial ou alguém para dar um jeito na situação.
     Após umas três joelhadas nas costelas Renzo joga o oponente no chão, que se contorce de dor.
     - Vamos chamar a polícia Renzo!!!
     - Não fiote, nada de polícia não, não adianta nada, vamos dar um fim nesse vagabundo, vamos pôr ele no carro.
     - Pára meu, ce tá louco? Deixa ele aí então, vamos embora daqui.
     - Pra que fiote? Pra ele continuar aprontando? Se ele tava fazendo isso com você imagina com quantos ele já não fez antes?
     - Eu sei meu, mas dexa queto isso, acho que tão cedo ele não apronta mais não, olha como ele tá.
     Hanz já segura o amigo pelo ombro para impedi-lo de continuar com seu plano, Renzo olha pro rapaz caído com ar de nojo e dá um chute na cara dele que acaba rolando e deixando aparecer a faca que trazia na cintura.
     - Olha aí que filho da puta!!! – grita Hanz.
     - Taí o trabalhador fiote!!! Pra que trabalhador precisa andar com faca? É bandido mesmo esse cachorro!!!
     Renzo tem o ímpeto de trucidar o cara que já se encontra desacordado, mas Hanz o contém novamente, puxando-o para longe dele.
     - Larga ele aí porra, vamos embora Renzo, você já detonou o cara!!!!
     - Beleza fiote, acho que já tá bom, só deixa eu fazer uma coisa.
     Renzo pega a faca que o rapaz traz na cintura e o arrasta pra calçada para que Hanz possa sair com o carro.
     Os amigos entram em seus carros e seguem para a casa de Hanz, já era alta madrugada e o frio que dominava aquela noite fazia com que as ruas estivessem ainda mais vazias, se é que isso era possível naquela cidade.
     Por sorte ninguém presenciou o que acabara de ocorrer...

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