Por volta das nove horas Hanz recebe a
ligação de Renzo.
- E
aí nerd tudo bem? Você tá a fim de dar umas voltas fiote? Não agüento mais
ficar em casa.
- Sei
lá meu, nem comi nada ainda.
-
Melhor ainda, eu também não, vamos dar uma volta daí aproveitamos e comemos
alguma coisa por aí.
- Boa
idéia, mas a boneca tá podendo sair?
-
Muito engraçado, eu não tô morrendo não fiote.
- Eu
sei, tô zuando com você. Mas sério: você tá podendo sair?
-
Sair eu até posso, o problema é que não posso forçar o ombro então não dá pra
dirigir, de resto tá tudo bem.
-
Então beleza, daqui a pouco eu passo aí então.
-
Certo, daí aproveito e te conto como foi lá na delegacia ontem. Você precisa
sair de casa um pouco fiote e largar esse computador.
- Ok,
já, já eu tô passando aí. Até.
Hanz
já estava com fome e pensava em qual seria seu jantar, até que o convite de
Renzo tinha vindo em boa hora mesmo ele não sendo muito fá de saídas
principalmente nos sábados à noite pois as lanchonetes ficavam lotadas, mas até
que ele estava disposto a sair naquele dia.
Após
arrumar-se e escolher alguns cd´s para ouvir no carro durante o passeio Hanz
saía da garagem e como de costume encontra seus “amiguinhos” reunidos na
pequena rua.
Sábado
à noite, quase dez horas, era o horário em que o pessoal costumava sair para as
baladas nas cidades do interior.
Como
sempre a presença de Hanz não passa despercebida.
- E
aí Hanz, saindo à noite é? Que milagre!! Pra onde você tá indo? – indaga
Willian amigavelmente.
Baixando
o vidro do carro ele responde:
-
Nenhum lugar especial, só vou dar uma volta com um amigo meu e comer alguma
coisa, nada de mais.
Enquanto
respondia pôde ver quem estava por ali: Willian, Wagner, Felipe, Caio, Alex
(que nem olhava para ele), Vítor e Roger, o último não pôde perder a chance de
ficar quieto.
-
Hum, que papo é esse heim Hanz, saindo com homem é? Sempre te achei meio
estranho mas nunca imaginei que você fosse gay.
-
Interessante Roger, pena que sua opinião não me importe em nada. Aliás, o que
faço ou não creio que seja um problema meu concorda?
Os
rapazes caem na gargalhada, até mesmo Alex. Todo sem jeito Roger se desculpa.
- Ô
Hanz, foi mal aí cara, só tô brincando com você.
-
Tudo bem, eu também meu. Bom, deixa eu ir nessa antes que eu desista. Até mais
galera.
Dessa
vez Willian nem esboçou intervir na conversa pois também não ia muito com a
cara de Roger e até invejava Hanz por dizer o que pensava sem receio.
Aumentando
o volume do som, onde rolava Marilyn Manson, Hanz partiu para a casa do amigo.
Nunca
tivera muita paciência mas Hanz sempre procurava conter-se ao máximo ao dar
respostas indelicadas, mas aquele tipo de brincadeira, principalmente vinda de
alguém que não lhe despertava muita simpatia, normalmente não ficava sem uma
resposta a altura.
Não
era muito comum isso acontecer pois era muito sossegado e “na dele” como
costumavam dizer, mas quando cutucavam-no sobre um assunto que não o agradava
era certo que a pessoa ouviria coisas nada simpáticas. Principalmente
brincadeiras relacionadas ao seu modo de ser e de comportar, ele odiava isso:
“Só porque o cara é solteiro, sossegado, não fica com galinhagem pra cima e pra
baixo ele é taxado de gay, por que isso? Cada um faz o que gosta, age da
maneira que mais me agrada, não existe um manual que estipula como as pessoas
devem se comportar, é ridículo isso. E outra, e se eu fosse gay? Isso me
diminuiria perante a sociedade em que? Trabalho e pago minhas contas sem pedir
nem dever nada a ninguém, porra, vão se ferrar!!” – esse era o pensamento que
sempre vinha à sua cabeça nessas ocasiões.
Durante
o trajeto até a casa de Renzo o trânsito ficara um pouco complicado, mesmo
aquelas ruas sendo bastante tranqüilas, o que causou-lhe espanto. Um pouco mais
a frente descobriu o motivo da lentidão, estava havendo uma festa numa casa no
meio do quarteirão, e as pessoas na calçada e invadindo a rua atrapalhavam o
fluxo dos poucos carros que por ali trafegavam
Uma
festa que parecia estar boa pois o número de convidados era grande, muitos
carros estacionados, música alta e muitas garotas. Como estava com o vidro de
seu carro aberto dessa vez as pessoas podiam vê-lo e ouvir a música alta que
ouvia.
Como
costumava acontecer fora alvo de inúmeros olhares e sorriso femininos, mas como
um assassino frio, sem demonstrar sentimento algum, continuou tranqüilo sem
esboçar reação alguma.
“Tsc
tsc, é fogo, ficam tudo dando encima só por causa do meu carro, se eu passasse
aqui numa lata-velha duvido que ficariam se engraçando desse jeito. Bando de
bicho interesseiro...”
Talvez
por isso Hanz estivesse sozinho, não queria estar com uma garota que se
interessasse por ele somente por causa do seu carro ou da sua condição
econômica, queria alguém que gostasse dele pelo que era, sem interesse. Em seus
últimos relacionamentos acabou abreviando-os por descobrir que suas ex estavam
com ele apenas por causa da sua situação. Não era rico, longe disso, mas tinha
um bom carro e levava uma vida bastante tranqüila. A casa que tinha, de um
padrão até modesto para o bairro em que morava, era herança de seu pai, jamais
teria dinheiro para comprá-la. Quando morava na capital, seu padrão de vida era
o mesmo, com exceção do apartamento que morava com sua mãe, de valor bem
inferior à casa deixada pelo pai. Talvez isso de devesse pelo carro que tinha,
um modelo realmente caro e que dava a entender que ele fosse rico, mas ele não
condizia com sua realidade, havia trabalhado anos e anos para comprá-lo, a
Mitsubishi Pajero Sport preta era o carro de seus sonhos.
Além
do mais, não estava em seus planos iniciar um namoro naquele momento, isso só
atrapalharia a rotina que levava e com a qual tanto tinha sonhado, além do
mais, seus planos para o futuro não admitiam que ele se envolvesse com alguém.
Após
alguns quarteirões acaba chegando à casa de Renzo, que o esperava no portão,
sob protestos da mãe, que não concordava com sua saída.
Não
deu-lhe importância, e com alguma dificuldade devido aos ferimentos, subiu no
carro.
-
Diabo de carro alto fiote, quer me matar é? – resmungou ele.
- Pô
meu, foi mal, se eu soubesse que tava mal assim tinha te ajudado a subir.
-
Tudo bem, deixa pra lá fiu. Hum, Marilyn Manson é legal... você veio pela rua
da padaria fiote?
Hanz
confirma com a cabeça, enquanto parte com o carro.
-
Então você deve ter visto o movimento na casa da Jaqueline, uma amiga da
Bianca, ela deve estar lá, é aniversário dela.
- É,
tinha uma festa mesmo, tava até atrapalhando um pouco o trânsito; e olha, não
me leva a mal meu, mas pela quantidade de patricinha e boyzinho que eu vi deu
pra imaginar que sua namorada estaria lá.
- Ah
fiu, eu nem ligo, já acostumei com esse jeito dela, só que deve tá cheio de
gatinha lá heim... Bom... e o que tá planejando fiote?
- Sei
lá meu, eu esperava que você desse uma sugestão, só sei que tô morrendo de
fome.
-
Também tô com fome fiote. Faz tempo que não vou lá no Arabian´s, o que você acha?
- Pô,
legal, boa idéia Renzo. Vamos comer umas esfihas lá, faz tempo que não como.
Puts, mas tem que passar pela “avenida” meu.
A tal
“avenida” era aquela do agito noturno da cidade onde ficava não só o Chopp do
Padre como a grande maioria dos barzinhos e naquele horário, naquele dia, o
movimento não devia estar fraco.
- Pô
Hanz, deixa de ser anti-social fiote!!! Qual o problema de passar por lá? O
trânsito? Quer uma ajuda pra colocar diesel no bichão?
- Não
meu, não é nada disso, é que você sabe que eu não curto ficar desfilando pra
cima e pra baixo igual esses boy babaca.
-
Então pra quê você comprou esse puta carrão da hora? Pra deixar ele na garagem
e tirar ele só pra ir trabalhar e ir no mercado? Fala sério!!! Comprasse um
carrinho mil então que é mais econômico.
Hanz
não consegue segurar o riso diante do jeito do amigo.
- Que
se danem os malditos boys. Eles desfilam com o carrinho do papai e da mamãe,
quero ver se algum deles tem cacife pra ter um desse igual o meu no nome deles.
Além do mais não vamos ficar rodando pra lá e pra cá feito otário, só vamos
passar por lá pra irmos no Arabian´s.
- É
isso aí Hanz, deixe de se importar um pouco com o que os outros pensam cara.
Curta mais a vida fiote, descole umas gatas, aposto que elas babam quando vêem
o bichão preto.
-
Babam mesmo, mas sei lá, eu não comprei esse carro com esse intuito cara,
comprei porque sempre gostei dele, sempre fui tarado por esse carro, o problema
é que elas também são!!! – e cai na gargalhada.
Apesar
do movimento na mencionada avenida eles não demoram mais do que meia-hora para
chegarem na lanchonete, no trajeto, Hanz conta ao amigo sobre os acontecimentos
da sua rua com o amigo.
Na
lanchonete, os amigos fazem seus pedidos.
- Pra
mim você traz um beirute completo e um suco de goiaba. – pede Hanz
-
Ótima idéia, traz um pra mim também e um suco de acerola. Se não der, eu
completo com umas esfihas depois.
O
garçom segue com os pedidos.
- Com
certeza você vai pedir então Renzo!!! – brinca Hanz.
- Faz
tempo que não venho aqui fiu, dá vontade de comer o cardápio inteiro. Eu sempre
venho com as esfihas em mente mas quando chego aqui acabo esquecendo delas.
- Mas
não é indigesto não? Pô, comer plástico cara!!!
-
Ora, vejam só, o mocorongo da capital com senso de humor, quem diria heim!!!
-
Mocorongo seu nariz!!!! E eu tenho senso de humor sim meu, só não o utilizo
como você.
- Eu
sei fiu, tô brincando com você. É seu jeito cara, você é mais sério mesmo. O
problema das pessoas é que elas querem que as pessoas ajam da maneira que elas
querem e não se esforçam para aceitar o jeito de cada um. Eu no começo
estranhava um pouco o seu, porque eu sou escrachado mesmo, mas com o tempo me
acostumei, cada um é cada um fiote.
-
Como os babacas lá da minha rua, eles que deviam aprender isso. Foi como eu te
contei meu, acabei com o babaca só na idéia, nem precisei baixar o nível nem
nada.
-
Olha, tenho que te dar de novo os parabéns. Sinal que alguma coisa útil você
aprendeu em suas conversar comigo, mas tenho que te confessar, eu não sei se
teria o sangue-frio que você teve não cara, eu já quebrava eles no meio logo e
boa.
-
Como você mesmo acabou de dizer meu, cada um é cada um.
- É
isso aí fiote. Muita gente te chamaria de covarde, diria que estava com medo de
brigar, mas eu sei que não foi isso fiu, já passei por isso e imagino o que
sentiu. Tem cara que por saber que eu luto parece querer arrumar briga comigo
na tentativa de que, se ganhar de mim, vai se crescer no meio da turminha dele.
É ridículo isso, coisa de moleque, coisa de quem tem uma cabecinha de merda
mesmo. Porra, pra que brigar com um cara desses? O que vai adiantar você
quebrar um babaca desses? Fica até feio sendo eu um lutador preparado bater num
cara que não entende de nada, um valentão bêbado.
- No
seu caso eu entendo Renzo, porque você luta. Mas no meu não foi isso, eu não
luto nada, já te disse isso meu. Eu fiz aquilo realmente porque acho que
naquele caso brigar não adiantaria nada. Se ele me batesse é claro que eu ia
revidar, não sou trouxa, mas eu sabia que minha atitude ia acabar com ele, o
deixaria sem ação. Foi melhor do que uma surra.
-
Cada caso é um caso fiote, quando você age só você tem noção do motivo que te
leva a fazer isso. Você é quem conhece o oponente, você quem sabe do sentimento
que está dentro de você no momento: medo, raiva, pena, ou seja lá qual for.
Outra pessoa não pode julgar a não ser que isso esteja muito na vista, mas
olha, eu te parabenizo de novo cara, parabéns.
Chegam
os sucos e os amigos acabam mudando de assunto.
- Mas
e aí Renzo, a Bianca não briga de você ter saído sozinho, de não ter ido na
festa com ela?
- No
começo ela esquentava fiote, mas agora ela não liga não. Acho que já acostumou.
E outra, eu saí com você, que é meio assexuado, e ela sabe disso, então não tem
problema...
Renzo
já aguarda pelo protesto do amigo.
-
Assexuado? Pô, você tá louco é? Nossa... e você tem comentado de mim com ela é?
- Ah,
ah, ah, ah, ah, é zoeira fiote!!! Mas ela sabe que você é sossegado com mulher,
que quando eu saio com você não é pra ficar com galinhagem, então ela não liga.
E outra, ela nem sabe que eu saí, ela tá lá enfiada na festa da amiga dela
sabendo que eu não teria como ir por causa das minhas costas, então ela, mesmo
que quisesse, nem podia falar nada.
-
Sei... bom, menos mal. Mas estávamos quase esquecendo meu, como que foi lá na
delegacia?
- É
verdade fiote... bom, um dos malacos que a polícia pegou é o que tentou te
assaltar aquele dia, ele já tem uma listinha longa, já foi fichado várias vezes
e tão cedo não vai estar na rua de novo. Conversei com o delegado sobre esse
dia e ele recomendou que seria bom você ir até lá e prestar queixa assim o cara
se enterra ainda mais. Aparece lá amanhã.
-
Isso é bom, mas não complica nada o fato de você ter acertado ele aquela vez?
- Que
nada, foi legítima defesa, o cara ia te assaltar, pode ir lá sossegado. Eu
conheço os polícia de lá, são tudo colega meu. E tem outra: o outro que tá
preso ainda tá no hospital, acertei ele de jeito, tem algumas passagens também,
mas a ficha é menor, mas acho que também fica engaiolado um bom tempo.
- O
problema são os outros dois que escaparam então... será que eles não vem atrás
da gente não?
-
Acho difícil, a polícia tá atrás deles, acho que vão ficar escondidos e tão
cedo não vão aparecer, acho que nem na cidade não devem estar mais.
-
Tomara, essa história já deu o que tinha que dar. Amanhã no fim da tarde eu
passo lá pra não me enrolar no serviço.
- Tá
certo. Liguei pro meu cunhado hoje, seu bichinho de estimação vai estar na sua
casa essa semana, o treinamento já tá praticamente finalizado.
- Que
bom meu, você sabe que não gosto de deixar minha casa sozinha. Acho que o
treinamento básico já é o suficiente, pra uso doméstico não precisa mais que
isso.
- Tá
bom sim, o Ralf também só teve o básico e pode ver que ele obedece na boa. É
bom treinar pra não correr o risco de nenhum acidente acontecer, esses bichos
não são brincadeira. Tendo treinamento já dá pra ficar mais tranqüilo fiote.
- O
Brutus deve tá grande heim. Da última vez que vi o bicho ele já tava um cavalo.
- É
fiote, deve tá grandinho sim, vai fazer oito meses já, bem alimentado e tal,
deve puxar os pais dele. E vai se preparando fiote, o bicho come heim, você vai
gastar uma grana razoável com ração.
- Eu
imagino mesmo. Falando nisso, nosso pedido tá chegando aí.
Após
serem servidos eles prosseguem a conversa.
-
Semana que vem é a reunião heim fiote.
-
Isso aí, você tá dentro do esquema ainda?
- Mas
que pergunta heim fiu... Claro que tô, sou o primeiro a encabeçar a lista, pode
contar comigo.
-
Legal meu, legal mesmo. Temos que formar um grupo unido, que esteja disposto a
encarar com seriedade nossa causa e permanecer unido em qualquer dificuldade.
Torço pra que tudo dê certo, mas confesso que dá um pouco de medo meu, o risco
que a gente corre é grande, você sabe.
- Nem
precisa falar Hanz, eu sei disso fiote, mas se ninguém nunca se arriscar a
situação vai continuar esse fiasco até quando? A violência aumenta mais e mais
a cada dia, até onde isso vai? Alguém tem que começar a agir, os políticos não
resolvem nada cara, entra e sai político no governo e continua tudo na mesma,
os antigos contaminam os novos e ninguém faz nada. É triste isso fiote, seria
muito bom se quando ocorressem as eleições os políticos eleitos cumprissem suas
promessas, alguns até parecem ter boa vontade, mas o próprio sistema impede que
façam o que prometeram, assim não dá não.
- É
bem por aí mesmo meu, parece uma peste que contamina os novos e acaba ficando
tudo igual. Se o poder do voto resolvesse as coisas nosso país estaria muito
melhor; tem potencial pra isso e de sobra, mas infelizmente o povo só olha pro
próprio umbigo, tanto a população quanto os políticos, e tudo acaba na mesma.
-
Quanto à mim, o Paulo e a Cibele você pode ficar tranqüilo porque tá todo mundo
ansioso e determinado, com a gente não tem erro não fiote, sempre comento
alguma coisa com o P.P. sobre isso e ele tá ansioso, só não dou muita garantia
com a Tatiana, aquela amiga deles, mas pelo que dizem ela também tá firme e não
vai desistir não.
-
Ótimo. Já tenho estudado algumas formas de realizarmos nossas manifestações, na
reunião vou apresentá-las pro pessoal e ver se todos concordam, muita coisa tem
que ser ajeitada ainda, mas tendo a idéia já é um começo.
- É
isso aí fiote...
Os
dois silenciam-se por alguns instantes enquanto saboreiam seu lanche, a fome
parece estar falando mais alto, mas Renzo retoma a conversa.
-
Olha Hanz, tem uma coisa que me deixa apavorado nisso tudo fiu, você que é um
cara religioso, que estuda essas paradas, como encara isso que estamos
planejando? Você tem bem idéia do que faremos não é?
Hanz
olha fixamente para o amigo enquanto articula suas idéias.
- É
Renzo, eu sabia que em algum momento você ou algum dos outros me perguntariam
isso. Sabe, eu já pensei muito sobre o caso e tento fazer o possível para não
pôr em conflito meus princípios embora eu saiba que em algum momento isso
acontecerá. Meus planos de ação não incluem mortes, não pretendo ceifar vidas
humanas em nome dessa causa como muitos fazem pelo mundo afora. Meu plano é o
de dar sustos nos governantes através de ações que demonstrem nossa
insatisfação com perda somente material. Eu sei que eventualmente pode ocorrer
alguma morte, não tem como exercer um controle total nas ações para que isso
não aconteça, mas tô preparado pra isso, acho que o fim justifica os meios
entende? Só que enquanto der pra evitar que isso aconteça, melhor. – explica o
rapaz num tom de voz mais baixo.
- Eu
sei disso, afinal de contas quantas vidas não são perdidas hoje em dia com a
violência, a criminalidade, a saúde pública sem recursos, etc? Por mínimas que
possam ser as perdas de vidas ainda assim isso vai tá acontecendo em nome de um
bem maior, infelizmente essa é a verdade fiote, mas faremos de tudo para que
isso não aconteça. Também não quero minha consciência pesada não.
- Com
certeza meu, não objetivaremos mortes, mas se eventualmente acontecerem será um
sacrifício em nome de um bem maior, como você mesmo disse. Mas antes de mais
nada temos que estar de acordo que será feito o possível pra que isso não
aconteça.
- Não
dá pra fazer um omelete sem quebrar os ovos, eu ouvi isso em algum lugar...
-
Isso mesmo, se acontecer, só poderei lamentar por isso, mas evitaremos ao
máximo, caso contrário, nada feito... Se acontecer, será uma fatalidade.
- Tá
beleza fiote, eu também penso como você. Faremos de tudo pra que ninguém se
machuque, eu não tenho instinto assassino não.
Hanz
apenas encara o amigo, diante de alguns acontecimentos que ele presenciou fica
difícil acreditar nessas palavras do amigo, mas enfim, ao menos ele concorda
com seu ponto de vista...
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