Meio sonolento,
Hanz despertou com o som do carro de Renzo estacionando em frente ao seu
portão, havia sido tomado de uma súbita sonolência enquanto aguardava a chegada
do amigo que prontamente viera em seu socorro.
- Hanz, você tá aí fiote? – gritou ele do
portão verificando que o mesmo estava trancado.
Forçou a visão e percebeu Brutus parado logo
na porta da sala e pôde ver a mão de seu amigo no pescoço do animal, realmente
havia alguma coisa errada, o cão nem sequer tinha vindo fazer festa com sua
chegada, como era de costume.
- Tô aqui, pula Renzo, tem que pular... –
disse Hanz com a voz fraca mal sendo ouvido pelo amigo.
Sem pensar duas vezes o rapaz fez o que lhe
dissera Hanz e num instante já estava à porta da sala.
- O que foi fiu? O que aconteceu? – disse ele
já acendendo a luz da sala, tornando o cômodo menos sombrio, e assustando-se
com a cena que agora era visível.
Num instante os desocupados da pequena
travessa já estavam todos parados no portão, provavelmente estranharam o fato
de Renzo pular o portão da casa para entrar.
- Tá tudo bem aí cara? – indagou Willian
preocupado.
- Tudo certo fiote. Deixa que eu seguro as
pontas aqui!!! – disse ele já fechando a porta da sala.
Ainda assim eles permaneceram na frente da
casa, não confiando muito na palavra de Renzo que assustou-se ainda mais ao ver
o rosto e a camisa do amigo cheias de sangue.
Hanz apenas aprontou para seu quarto,
indicando ao amigo que fosse até ele.
Renzo,
em silêncio, foi até lá e acendeu a luz, esgueirando-se pela porta. Correu com
seus olhos por todo seu interior e não viu nada fora do normal.
- Não tem nada aqui fiote, tá vazio. –
informou o amigo.
- Embaixo da cama, sei lá meu, em algum lugar,
tem que ter alguém aí dentro escondido em algum lugar... – dizia Hanz com
dificuldade.
Renzo verificou debaixo da cama e dentro do
guarda-roupa, não havia ninguém dentro do quarto. Verificou a janela e viu que
também estava trancada, não havia por onde alguém escapar sem que Hanz visse.
- Fiote, não tem ninguém aqui mesmo, a janela
tá trancada, não tinha como alguém sair daqui sem que você visse, mas porra,
você tá mal mesmo heim... – disse o amigo voltando para a sala e verificando o
péssimo estado de Hanz.
O corte em sua face direita era profundo e
por ele havia se esvaído bastante sangue pelo que era possível ver nas roupas
do amigo.
- Vamos ter que ir pro hospital fiu, esse
corte na sua cara tá horrível.
- O pior não é o corte Renzo, nem tô sentindo
dor do rosto, olha aqui... – disse Hanz afastando seu braço esquerdo para que o
amigo verificasse seu peito.
Renzo levantou cautelosamente a camisa e viu
o hematoma que o amigo tinha em suas costelas, ficando bastante preocupado.
- Porra fiote, você tá querendo se matar é?
Vamos já pro hospital fiu, o médico vai ter que dar uma olhada nisso.
Hanz nada respondeu, apenas deixou que o
amigo o conduzisse até o carro para irem até o hospital.
Ao chegarem no carro foram bombardeados pelas
perguntas dos rapazes que ali aguardavam o desfecho dos acontecimentos.
- O que aconteceu com ele cara? Tá tudo bem?
Posso ajudar em alguma coisa? – indagou Willian, o único que parecia estar ali
por outro motivo além da curiosidade. De certa forma era possível ver um leve
sorriso nos lábios de Alex, que como todos ali sabiam, tinha uma rixa com Hanz.
- Tem algum palhaço aqui pra você ficar dando
risada? – indagou rispidamente Renzo ao perceber isso.
Alex assustou-se pois não acreditava que
alguém percebe seu leve sorriso de contentamento.
- Não cara, não tem nenhum não. Quando tiver
eu te aviso, pode deixar. – retrucou desafiadoramente.
- Avisa mesmo então otário. E reza pro
palhaço não ser eu e nem algum amigo meu porque se for eu quebro você no meio.
– Renzo aproximou-se lentamente de Alex.
Willian e Wagner entraram por entre os dois,
impedindo a briga.
- Calma aí gente. O cara tá mal, não é hora
de ficar brigando não pô. – disse Willian.
- Eu tô calmo, vocês não me viram nervoso
ainda não. – disse Renzo.
Alex permanecia em silêncio, mas o sorriso
permanecia, o que o irritava mais ainda.
- Você é folgado fiu, não é de hoje que eu tô
te marcando não. Fica esperto porque acho que você não sabe com quem você tá
mexendo. – Renzo ainda insistia em ir pra cima dele, sendo impedido por Willian
e Wagner.
- O que aconteceu com o Hanz cara? Tá tudo
bem? – indagou Wagner.
- Você viram alguém saindo da casa dele antes
de eu chegar? – indagou Renzo.
- Não cara, a gente tava aqui desde aquela
hora que você saiu e não vimos ninguém entrar ou sair da casa dele não.
- Então tá beleza. Vou levar ele pro
hospital, não foi de mais não, foi só um tombo, valeu aí fiu. E você otário,
outra hora a gente se tromba e não vão ser seus amiguinhos que vão me impedir de
quebrar sua cara não, babaca. – disse Renzo entrando no carro sem fazer muita
questão de ser simpático com eles.
Alex estava imóvel, mas ainda esboçando seu
sorriso sarcástico. Ninguém sabia explicar o que se passava com ele.
- Você é louco Alex? Enfrentar o cara desse
jeito, você sabe quem ele é? – indagou Wagner.
- Acho que sei. Mas não se preocupa não, eu
sei o que eu faço. Ele tá tomando as dores do amiguinho dele é? Eu tenho quem
tome as minhas também. Eu sei que na porrada eu não agüento com ele, mas quero
ver só ele encostar um dedo em mim... – disse Alex indo pra casa.
- Isso ainda não vai dar certo... – suspirou
Willian observando-o partir.
Só durante o trajeto Hanz, ainda sofrendo com
a dor, explicou melhor ao amigo o que havia acontecido e Renzo pôde contar ao
amigo o que motivara o telefonema dado anteriormente: Cibele havia-lhe
telefonado aflita dizendo que Paulo a agredira fisicamente após uma horrível
discussão (indicando que estava realmente bastante perturbado) e novamente desaparecera
(o que já não era mais nenhuma novidade) mas o mais preocupante era o fato de
ele ter levado com ele os explosivos que seriam usados naquela noite.
Hanz foi atendido no pronto-socorro e
enquanto era cuidado pelos médicos Renzo entrou em contato com Jean para
informá-lo sobre os últimos acontecimentos, que não eram poucos.
- Mas que droga!!! Esse Paulo perdeu o juízo
de vez é? O que ele tá pretendendo? Será que foi ele que atacou o Hanz? –
indagou Jean irritado.
- Acho que não, no horário que Hanz diz ter
alguém dentro da casa dele era o mesmo em que o Paulo estava brigando com a
mulher. Não tem como ter sido ele.
- Porra, mas o caso do Hanz é grave? Ele vai
ficar internado? O que aconteceu?
- Ele se machucou legal, diz que caiu no
corredor da casa dele, tá com um hematoma horrível nas costelas e com um corte
na cara, internado acho que ele não vai ficar não, mas é melhor esquecer a
participação dele no esquema de hoje fiu, o cara tá sem nenhuma condição.
- Puts, então é melhor desistir mesmo. Vou
ligar pra Tati pra avisar. Vou fazer o seguinte: quando vocês saírem aí do
hospital você me telefona, eu encontro vocês na casa do Hanz pra decidirmos o
que fazer em relação ao Paulo.
- Tá certo, fica assim então. Um abraço. –
despediu-se Renzo.
Após
pouco mais de meia-hora os médicos já haviam liberado Hanz que já não sofria
com as dores por causa da medicação que lhe havia sido ministrada, mas
decididamente as ações daquela noite não poderiam ser executadas pois os
médicos haviam lhe ordenado repouso por alguns dias em virtude do hematoma em
seu peito.
- Não consigo entender meu, eu até saí do
banho porque ouvi barulhos dentro de casa, como é que não tinha ninguém lá? –
inconformava-se o rapaz no carro do amigo, já retornando para sua casa.
- Sei lá fiu, os caras que ficam direto lá na
travessa disseram que não viram ninguém entrar ou sair da sua casa, como que
alguém ia entrar lá sem ninguém ver?
- Não sei, só sei que eu vi um vulto dentro
do meu quarto quando eu caí no corredor, não tô ficando maluco não meu, eu vi,
tenho certeza disso. Pra que eu iria mentir?
Renzo apenas olhou desconfiado para o amigo,
ele queria acreditar em suas palavras mas diante dos indícios não havia como
alguém ter entrado e saído da casa dele. Os “vigias” da travessa não tinham
visto ninguém e Brutus não dera nenhum alarme. Será que Hanz estava mesmo
transtornado?
Ao chegarem na casa de Hanz o telefone já
estava tocando e ele foi atendê-lo.
- Hanz? Nossa, eu fiquei sabendo do que
aconteceu, tá tudo bem? – era Cibele.
- É, agora acho que sim, eu fui no hospital e
os médicos cuidaram dos meus machucados, agora eu já tô bem, obrigado. –
respondeu ele sentando-se na mesma poltrona em que esperara a chegada de Renzo,
que verificava novamente a casa em busca de alguma pista sobre a presença de
algum invasor na casa do amigo.
- Ele me disse que parecia ter alguém aí na
sua casa, mas como alguém entraria aí com o Brutus? Negócio estranho isso
heim...
- É, foi bem estranho mesmo, mas deixa isso
pra lá, o importante é que eu já tô legal.
- Poxa, ainda bem. O Jean me ligou avisando
que o esquema de hoje foi cancelado. Mas em todo caso teria que ser mesmo, o
Renzo já deve ter te contado sobre o que o Paulo fez comigo não contou?
- É Cibele, ele me contou sim. O cara parece
que está mesmo fora de controle. O que será que ele pretende? Ele fez questão
de levar o material com ele?
- Fez sim Hanz, acho que fez, ele levou tudo
embora, nós começamos a discutir, ele chegou até a me bater, ele nunca tinha
feito isso, ainda bem que o Rique está na minha irmã, eu ameacei ligar pra
polícia e denunciar ele, mas quando eu disse isso ele tomou o telefone da minha
mão, daí ele pegou tudo colocou no carro e saiu, mas não disse pra onde ele ia
e nem o que ia fazer. Alguns vizinhos tentaram impedi-lo de fugir, mas ele
ameaçou o pessoal com a arma. Não sei Hanz, infelizmente tem alguma coisa
errada com ele, se você visse o olhar dele, parecia possuído, sei lá, foi
horrível, nunca tinha visto ele daquele jeito...
- Puts, nem sei o que te dizer Cibele. O Jean
daqui a pouco vai estar aqui em casa e daí vamos decidir o que fazer, se bem
que eu nem posso fazer nada, o médico me enfaixou o peito e disse que eu tenho
que ficar uns três dias de repouso... mas e você, não tá machucada não né?
- Não Hanz, minha perna tá um pouco dolorida
por causa do soco que ele me deu mas nada de mais não. O meu machucado é o de
menos, eu estou preocupada com o que ele pode fazer, ele tá completamente fora
de si Hanz... Bom, espero que vocês
consigam encontrá-lo, eu tô preocupada com o que ele é capaz de fazer.
- É, nós também estamos, mas fica tranqüila
que vamos ver o que faremos. Qualquer coisa ligue aqui pra casa avisando ok?
- Tá certo, eu aviso sim. Amanhã de noite eu
levo seu carro tá bom?
- Tudo bem, pode ser. Terei que ficar uns
dias sem dirigir também, não tem pressa. Um beijo Cibele, se cuida por aí.
- Você também. Um beijo.
- Fiote, realmente não tem nenhum sinal de
arrombamento em lugar nenhum. Eu acredito que você tenha ouvido barulhos aqui e
que tenha visto alguém no seu quarto, mas infelizmente não tem sinal nenhum na
casa, nada de anormal.
Hanz ficou pensativo por um instante.
- Negócio estranho meu... olha... só se tiver
começado a acontecer de novo...
Um frio subiu pela espinha de Renzo, que
arregalou os olhos e deu uma espiada para dentro do quarto de Hanz pra
verificar se não tinha nada lá dentro.
- Você tá falando daqueles papo paranormal,
aquelas coisas esquisitas fiote? Será?
- É Renzo, disso mesmo. Não tem outra explicação
meu. Eu sei o que eu ouvi e vi, mas se não tem vestígio nenhum na casa, só pode
ser isso, o que mais pode ser?
- É verdade. Não é a primeira vez que você me
fala que ouviu coisa nessa casa... Mas e a Cibele? Ela te contou direitinho
sobre o que aconteceu?
- Contou, o Paulo parece que tá fora de si.
Tem certeza que ele não usa drogas não meu?
- Bom... certeza, certeza eu não tenho mas
nunca percebi nada nele que indicasse que estivesse usando alguma coisa. Mas
ele não deve usar não, pelas idéias que eu já troquei com ele foi uma batalha
pra ele sair dessa quando ele estava afundando nessas porcarias. Depois que ele
conheceu a Cibele ele parou com tudo, não acredito que ele tenha voltado a
usar. O cara é louco pela Cibele e pelo Henrique, não sei como ele pôde ter
feito a besteira que fez hoje, ele jamais seria capaz disso...
- É, mas fez né meu, isso que é fogo. Só se
não foi ele, se foi alguma coisa que fez ele agir assim...
- Tipo o quê fiote?
- Sei lá, tô pensando aqui comigo, mas é melhor
só dizer alguma coisa quando tiver certeza.
Os dois ficaram em silêncio pensando sobre
aquilo tudo, algumas idéias que surgiam causavam mais e mais arrepios em Renzo,
que apesar do tamanho tinha muito medo dessas coisas, mas resolveu deixar de
pensar nisso e se dispôs a arrumar a bagunça que estava no corredor da casa,
foi quando ouviram o carro de Jean chegando.
- Brutus, deita aqui!!! – disse Hanz ao cão
para que ele não impedisse a entrada do companheiro que chegara.
Jean logo entrou na sala e vendo a situação
do rapaz não pôde deixar de comentar.
- Nossa Hanz, o que fizeram com você cara?
- Senta aí Jean, fica à vontade. Pô meu, pior
que não fizeram nada, fui eu que caí ali no corredor e me machuquei, mas já tô
legal. O que me preocupa também é termos que adiar a ação de hoje, já estava
tudo certinho pra hoje...
- Não esquenta com isso, a ação pode ser
feita outro dia, isso é o de menos, a gente mantém tudo o que foi combinado e
só muda o dia da execução. Mas o Renzo me contou que parecia ter alguém aqui na
sua casa, como foi isso?
- É, eu ouvi uns barulhos e depois vi um
vulto, mas não tem nenhum vestígio na casa, não sei como explicar isso. Mas
vamos falar sobre o Paulo. A Cibele acabou de me ligar e me contou o que ele
fez. E agora, o que a gente faz?
- Eu estava pensando nisso esse tempo todo.
Olha, ele sabe do alvo que a Cibele ia atacar, então eu vou até lá e tentar ver
se ele aparece, pode ser que ele apareça pra lá na tentativa de tomar o lugar
dela, daí eu impeço ele. Acho que é a única coisa que dá pra fazer.
- Eu também vou Jean. Não vou trabalhar hoje,
já telefonei pro Chopp contando do que aconteceu com o Hanz e eles me
liberaram. Eu vou até lá também, com dois procurando fica mais fácil. Eu também
tinha pensado nisso, se ele fez questão de levar os bagulhos só pode ser com
essa intenção. – disse Renzo terminando de varrer os últimos cacos do chão.
- E eu tenho que mudar a programação dos
e-mails, eles não serão mais enviados. Deixa eu fazer logo isso antes que eu me
esqueça. – lembrou-se Hanz já se levantando.
- Bem lembrado. – disse Jean seguindo-o.
Logo estavam os três no quarto enquanto Hanz
fazia sua parte no computador.
Eram quase vinte e uma e trinta, ainda tinham
um tempo razoável para planejarem a nova ação da noite visto que o horário para
a execução da que havia sido cancelada era uma da madrugada.
- Então fica assim, a gente fica rodando pelo
quarteirão com um a distância segura que nos permita vigiar o local Renzo,
assim que um de nós encontrar o Paulo é pra imediatamente tomar o material e a
arma dele, não dá pra saber o que esse cara tá pensando em fazer. Depois avisa
o outro pra gente voltar pra minha casa. Lá é tranqüilo, não tem problema de a
gente chegar de madrugada, é bom não
ficarmos nos encontrando direto aqui pra não levantar nenhuma suspeita.
- Tá certo... Porra, o Paulo tá louco mesmo,
até a arma ele levou. Isso não tá me cheirando nada bem, droga. Isso porque eu
conversei com ele agora pouco mesmo...
- Parece que eu sempre soube que ele ia fazer
alguma coisa. Tomara que ele não faça nada, que só tenha pego as coisas pra
impedir que a Cibele agisse. – disse Hanz ainda esperançoso.
- É uma opção, e com certeza essa é a mais
tranqüila pra todo mundo. Mas é bom sermos cuidadosos, sugiro que não digamos
nada pra Cibele, só por garantia. – disse Jean.
- Você acha que ela pode estar envolvida
nisso fiu?
- Não sei, acho difícil diante de tudo o que
vem acontecendo. Ela mesma tem se queixado dele pra gente, mas acho melhor
estarmos precavidos. E não vai adiantar nada falar pra ela sobre o que vamos
fazer, não tem necessidade. Acho melhor assim, por garantia é melhor não
dizermos nada.
- É uma boa idéia Jean, se ela ligar aqui eu
digo que você tá dando umas voltas pela cidade procurando ele. – fala Hanz.
- E a Tatiana, a gente conta pra ela? –
indaga Renzo.
- Acho que também não precisa. Eu confio
nela, mas é melhor não, ela conhece a Cibele, melhor não mesmo. Quanto menos
pessoas souberem dessa nossa busca é melhor. Aliás, ela me disse que apareceria
por aqui pra ver como o Hanz está, até agora nada?
- Não, ela não apareceu por aqui não. Se
aparecer eu nem toco nesse assunto então. – disse Hanz.
Renzo, como sempre, olhou pra Hanz e deu uma
piscada maliciosa.
- Bom, você tá com seu “brinquedo” aí com
você Renzo?
- Tá no carro. Será que vamos ter que usar? –
Renzo se assusta com a pergunta de Jean, não lhe passava pela cabeça ter que
usar de violência contra Paulo, ele sempre foi seu amigo, e era devido à um
convite feito por ele que o rapaz e a esposa tinham se juntado no grupo. Mas
não era culpa dele se o amigo agora agia daquela forma estranha. De qualquer
forma essa idéia não o agradava.
- Não sei cara, espero que não, mas por via
das dúvidas deixa ele bem perto de você. Fica esperto você também aqui em casa
Hanz, não sabemos o que pode acontecer. O cara até bateu na esposa dele, coisa
que nunca tinha feito, vai saber o que ele pode fazer com a gente,
principalmente estando armado.
- É verdade, vou ficar atento aqui em casa...
– concordou Hanz sem titubear, àquela altura ele já nutria uma grande antipatia
por Paulo, infelizmente.
- Sinceramente eu espero não ter que usar de
força bruta com ele, mas sei lá, ele tá pisando muito na bola, se for
necessário, não vai ter outro jeito. – disse Renzo visivelmente chateado.
- Entendo você Renzo, eu sei que o cara é seu
amigo faz tempo e que foi você que convidou ele pra fazer parte do grupo. Mas
não tem porque se sentir culpado cara, você não poderia imaginar que ele
começasse a agir dessa forma. Somos nós ou ele. – disse Jean acendendo um
cigarro.
- E talvez ele nem apareça por lá meu, é só
uma hipótese. Mas é como o Jean disse: se houver necessidade de usar de
violência com ele, será pela nossa própria segurança. Já cancelei a programação
pra hoje.
- Eu sei Hanz. Fiquem sossegados, se precisar
fazer alguma coisa eu faço, eu também tô puto com o que ele vem fazendo. Pô,
agredir a Cibele foi demais. Bom galera, eu vou indo nessa, vou na casa da
Bianca, ficar um pouco com ela já que não vou trabalhar. A que horas e onde a
gente se encontra pra ir pra lá Jean? – Renzo se levanta pra sair.
- Pode ser em algum lugar já lá na saída pra
rodovia, assim já economizamos tempo. Alguma sugestão?
- Que tal na frente do Arabian´s, lá é movimentado
nem vão notar a gente. Pode ser?
- É, pode ser lá sim. Meia-noite a gente se
encontra lá. Bom, eu vou indo também então. Se cuida por aí Hanz e qualquer
coisa liga pra gente. – fala Jean também se levantando pra ir embora.
- Pode deixar, qualquer novidade eu ligo sim.
- E não fica chateado não fiu, veja pelo lado
bom, com esse acidente você pelo menos conseguiu uns dias de licença do trampo.
– fala Renzo tentando animar um pouco o amigo.
- É verdade, nem tinha prestado atenção
nisso, foi bom me lembrar, uma semana de férias não faz mal pra ninguém.
Hanz também se levanta para acompanhar os
amigos até o portão, mas ainda cauteloso temendo forçar demais suas costelas
machucadas.
Brutus parecia entender o estado de saúde do
seu dono e estava sempre ao seu lado.
Os dois partiram em seus carros e Hanz
novamente encontrou-se sozinho na pequena travessa deserta.
Nem mesmo os rapazes que sempre eram
encontrados por ali marcavam presença, não era muito tarde, passava um pouco
das vinte e duas horas, mas como era um domingo eles costumavam entrar para
casa cedo pois trabalhavam na manhã seguinte.
Ainda que deserta ela não tinha o aspecto
assustador que muitas vezes possuía. A noite estava com uma temperatura
bastante agradável e a lua cheia tornava-a bastante clara ao iluminá-la com sua
luz. Mas Hanz não se demorou muito no portão pois lembrou-se de seguir a
recomendação de Jean que achou melhor ele se precaver. Paulo ainda não havia
sido localizado e eles não sabiam quais eram os planos do rapaz.
- Vamos pra dentro Brutus, não vamos dar mole
pro azar não bichão... – disse ele trancando o portão.
Qualquer coisa poderia acontecer naquela
noite...
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