terça-feira, 29 de abril de 2014

Capítulo XXXI


Meio sonolento, Hanz despertou com o som do carro de Renzo estacionando em frente ao seu portão, havia sido tomado de uma súbita sonolência enquanto aguardava a chegada do amigo que prontamente viera em seu socorro.
  - Hanz, você tá aí fiote? – gritou ele do portão verificando que o mesmo estava trancado.
  Forçou a visão e percebeu Brutus parado logo na porta da sala e pôde ver a mão de seu amigo no pescoço do animal, realmente havia alguma coisa errada, o cão nem sequer tinha vindo fazer festa com sua chegada, como era de costume.
  - Tô aqui, pula Renzo, tem que pular... – disse Hanz com a voz fraca mal sendo ouvido pelo amigo.
  Sem pensar duas vezes o rapaz fez o que lhe dissera Hanz e num instante já estava à porta da sala.
  - O que foi fiu? O que aconteceu? – disse ele já acendendo a luz da sala, tornando o cômodo menos sombrio, e assustando-se com a cena que agora era visível.
  Num instante os desocupados da pequena travessa já estavam todos parados no portão, provavelmente estranharam o fato de Renzo pular o portão da casa para entrar.
  - Tá tudo bem aí cara? – indagou Willian preocupado.
  - Tudo certo fiote. Deixa que eu seguro as pontas aqui!!! – disse ele já fechando a porta da sala.
  Ainda assim eles permaneceram na frente da casa, não confiando muito na palavra de Renzo que assustou-se ainda mais ao ver o rosto e a camisa do amigo cheias de sangue.
  Hanz apenas aprontou para seu quarto, indicando ao amigo que fosse até ele.
  Renzo, em silêncio, foi até lá e acendeu a luz, esgueirando-se pela porta. Correu com seus olhos por todo seu interior e não viu nada fora do normal.
  - Não tem nada aqui fiote, tá vazio. – informou o amigo.
  - Embaixo da cama, sei lá meu, em algum lugar, tem que ter alguém aí dentro escondido em algum lugar... – dizia Hanz com dificuldade.
  Renzo verificou debaixo da cama e dentro do guarda-roupa, não havia ninguém dentro do quarto. Verificou a janela e viu que também estava trancada, não havia por onde alguém escapar sem que Hanz visse.
  - Fiote, não tem ninguém aqui mesmo, a janela tá trancada, não tinha como alguém sair daqui sem que você visse, mas porra, você tá mal mesmo heim... – disse o amigo voltando para a sala e verificando o péssimo estado de Hanz.
  O corte em sua face direita era profundo e por ele havia se esvaído bastante sangue pelo que era possível ver nas roupas do amigo.
  - Vamos ter que ir pro hospital fiu, esse corte na sua cara tá horrível.
  - O pior não é o corte Renzo, nem tô sentindo dor do rosto, olha aqui... – disse Hanz afastando seu braço esquerdo para que o amigo verificasse seu peito.
  Renzo levantou cautelosamente a camisa e viu o hematoma que o amigo tinha em suas costelas, ficando bastante preocupado.
  - Porra fiote, você tá querendo se matar é? Vamos já pro hospital fiu, o médico vai ter que dar uma olhada nisso.
  Hanz nada respondeu, apenas deixou que o amigo o conduzisse até o carro para irem até o hospital.
  Ao chegarem no carro foram bombardeados pelas perguntas dos rapazes que ali aguardavam o desfecho dos acontecimentos.
  - O que aconteceu com ele cara? Tá tudo bem? Posso ajudar em alguma coisa? – indagou Willian, o único que parecia estar ali por outro motivo além da curiosidade. De certa forma era possível ver um leve sorriso nos lábios de Alex, que como todos ali sabiam, tinha uma rixa com Hanz.
  - Tem algum palhaço aqui pra você ficar dando risada? – indagou rispidamente Renzo ao perceber isso.
  Alex assustou-se pois não acreditava que alguém percebe seu leve sorriso de contentamento.
  - Não cara, não tem nenhum não. Quando tiver eu te aviso, pode deixar. – retrucou desafiadoramente.
  - Avisa mesmo então otário. E reza pro palhaço não ser eu e nem algum amigo meu porque se for eu quebro você no meio. – Renzo aproximou-se lentamente de Alex.
  Willian e Wagner entraram por entre os dois, impedindo a briga.
  - Calma aí gente. O cara tá mal, não é hora de ficar brigando não pô. – disse Willian.
  - Eu tô calmo, vocês não me viram nervoso ainda não. – disse Renzo.
  Alex permanecia em silêncio, mas o sorriso permanecia, o que o irritava mais ainda.
  - Você é folgado fiu, não é de hoje que eu tô te marcando não. Fica esperto porque acho que você não sabe com quem você tá mexendo. – Renzo ainda insistia em ir pra cima dele, sendo impedido por Willian e Wagner.
  - O que aconteceu com o Hanz cara? Tá tudo bem? – indagou Wagner.
  - Você viram alguém saindo da casa dele antes de eu chegar? – indagou Renzo.
  - Não cara, a gente tava aqui desde aquela hora que você saiu e não vimos ninguém entrar ou sair da casa dele não.
  - Então tá beleza. Vou levar ele pro hospital, não foi de mais não, foi só um tombo, valeu aí fiu. E você otário, outra hora a gente se tromba e não vão ser seus amiguinhos que vão me impedir de quebrar sua cara não, babaca. – disse Renzo entrando no carro sem fazer muita questão de ser simpático com eles.
  Alex estava imóvel, mas ainda esboçando seu sorriso sarcástico. Ninguém sabia explicar o que se passava com ele.
  - Você é louco Alex? Enfrentar o cara desse jeito, você sabe quem ele é? – indagou Wagner.
  - Acho que sei. Mas não se preocupa não, eu sei o que eu faço. Ele tá tomando as dores do amiguinho dele é? Eu tenho quem tome as minhas também. Eu sei que na porrada eu não agüento com ele, mas quero ver só ele encostar um dedo em mim... – disse Alex indo pra casa.
  - Isso ainda não vai dar certo... – suspirou Willian observando-o partir.
  Só durante o trajeto Hanz, ainda sofrendo com a dor, explicou melhor ao amigo o que havia acontecido e Renzo pôde contar ao amigo o que motivara o telefonema dado anteriormente: Cibele havia-lhe telefonado aflita dizendo que Paulo a agredira fisicamente após uma horrível discussão (indicando que estava realmente bastante perturbado) e novamente desaparecera (o que já não era mais nenhuma novidade) mas o mais preocupante era o fato de ele ter levado com ele os explosivos que seriam usados naquela noite.
  Hanz foi atendido no pronto-socorro e enquanto era cuidado pelos médicos Renzo entrou em contato com Jean para informá-lo sobre os últimos acontecimentos, que não eram poucos.
  - Mas que droga!!! Esse Paulo perdeu o juízo de vez é? O que ele tá pretendendo? Será que foi ele que atacou o Hanz? – indagou Jean irritado.
  - Acho que não, no horário que Hanz diz ter alguém dentro da casa dele era o mesmo em que o Paulo estava brigando com a mulher. Não tem como ter sido ele.
  - Porra, mas o caso do Hanz é grave? Ele vai ficar internado? O que aconteceu?
  - Ele se machucou legal, diz que caiu no corredor da casa dele, tá com um hematoma horrível nas costelas e com um corte na cara, internado acho que ele não vai ficar não, mas é melhor esquecer a participação dele no esquema de hoje fiu, o cara tá sem nenhuma condição.
  - Puts, então é melhor desistir mesmo. Vou ligar pra Tati pra avisar. Vou fazer o seguinte: quando vocês saírem aí do hospital você me telefona, eu encontro vocês na casa do Hanz pra decidirmos o que fazer em relação ao Paulo.
  - Tá certo, fica assim então. Um abraço. – despediu-se Renzo.
  Após pouco mais de meia-hora os médicos já haviam liberado Hanz que já não sofria com as dores por causa da medicação que lhe havia sido ministrada, mas decididamente as ações daquela noite não poderiam ser executadas pois os médicos haviam lhe ordenado repouso por alguns dias em virtude do hematoma em seu peito.
  - Não consigo entender meu, eu até saí do banho porque ouvi barulhos dentro de casa, como é que não tinha ninguém lá? – inconformava-se o rapaz no carro do amigo, já retornando para sua casa.
  - Sei lá fiu, os caras que ficam direto lá na travessa disseram que não viram ninguém entrar ou sair da sua casa, como que alguém ia entrar lá sem ninguém ver?
  - Não sei, só sei que eu vi um vulto dentro do meu quarto quando eu caí no corredor, não tô ficando maluco não meu, eu vi, tenho certeza disso. Pra que eu iria mentir?
  Renzo apenas olhou desconfiado para o amigo, ele queria acreditar em suas palavras mas diante dos indícios não havia como alguém ter entrado e saído da casa dele. Os “vigias” da travessa não tinham visto ninguém e Brutus não dera nenhum alarme. Será que Hanz estava mesmo transtornado?
  Ao chegarem na casa de Hanz o telefone já estava tocando e ele foi atendê-lo.
  - Hanz? Nossa, eu fiquei sabendo do que aconteceu, tá tudo bem? – era Cibele.
  - É, agora acho que sim, eu fui no hospital e os médicos cuidaram dos meus machucados, agora eu já tô bem, obrigado. – respondeu ele sentando-se na mesma poltrona em que esperara a chegada de Renzo, que verificava novamente a casa em busca de alguma pista sobre a presença de algum invasor na casa do amigo.
  - Ele me disse que parecia ter alguém aí na sua casa, mas como alguém entraria aí com o Brutus? Negócio estranho isso heim...
  - É, foi bem estranho mesmo, mas deixa isso pra lá, o importante é que eu já tô legal.
  - Poxa, ainda bem. O Jean me ligou avisando que o esquema de hoje foi cancelado. Mas em todo caso teria que ser mesmo, o Renzo já deve ter te contado sobre o que o Paulo fez comigo não contou?
  - É Cibele, ele me contou sim. O cara parece que está mesmo fora de controle. O que será que ele pretende? Ele fez questão de levar o material com ele?
  - Fez sim Hanz, acho que fez, ele levou tudo embora, nós começamos a discutir, ele chegou até a me bater, ele nunca tinha feito isso, ainda bem que o Rique está na minha irmã, eu ameacei ligar pra polícia e denunciar ele, mas quando eu disse isso ele tomou o telefone da minha mão, daí ele pegou tudo colocou no carro e saiu, mas não disse pra onde ele ia e nem o que ia fazer. Alguns vizinhos tentaram impedi-lo de fugir, mas ele ameaçou o pessoal com a arma. Não sei Hanz, infelizmente tem alguma coisa errada com ele, se você visse o olhar dele, parecia possuído, sei lá, foi horrível, nunca tinha visto ele daquele jeito...
  - Puts, nem sei o que te dizer Cibele. O Jean daqui a pouco vai estar aqui em casa e daí vamos decidir o que fazer, se bem que eu nem posso fazer nada, o médico me enfaixou o peito e disse que eu tenho que ficar uns três dias de repouso... mas e você, não tá machucada não né?
  - Não Hanz, minha perna tá um pouco dolorida por causa do soco que ele me deu mas nada de mais não. O meu machucado é o de menos, eu estou preocupada com o que ele pode fazer, ele tá completamente fora de si Hanz...  Bom, espero que vocês consigam encontrá-lo, eu tô preocupada com o que ele é capaz de fazer.
  - É, nós também estamos, mas fica tranqüila que vamos ver o que faremos. Qualquer coisa ligue aqui pra casa avisando ok?
  - Tá certo, eu aviso sim. Amanhã de noite eu levo seu carro tá bom?
  - Tudo bem, pode ser. Terei que ficar uns dias sem dirigir também, não tem pressa. Um beijo Cibele, se cuida por aí.
  - Você também. Um beijo.
  - Fiote, realmente não tem nenhum sinal de arrombamento em lugar nenhum. Eu acredito que você tenha ouvido barulhos aqui e que tenha visto alguém no seu quarto, mas infelizmente não tem sinal nenhum na casa, nada de anormal.
  Hanz ficou pensativo por um instante.
  - Negócio estranho meu... olha... só se tiver começado a acontecer de novo...
  Um frio subiu pela espinha de Renzo, que arregalou os olhos e deu uma espiada para dentro do quarto de Hanz pra verificar se não tinha nada lá dentro.
  - Você tá falando daqueles papo paranormal, aquelas coisas esquisitas fiote? Será?
  - É Renzo, disso mesmo. Não tem outra explicação meu. Eu sei o que eu ouvi e vi, mas se não tem vestígio nenhum na casa, só pode ser isso, o que mais pode ser?
  - É verdade. Não é a primeira vez que você me fala que ouviu coisa nessa casa... Mas e a Cibele? Ela te contou direitinho sobre o que aconteceu?
  - Contou, o Paulo parece que tá fora de si. Tem certeza que ele não usa drogas não meu?
  - Bom... certeza, certeza eu não tenho mas nunca percebi nada nele que indicasse que estivesse usando alguma coisa. Mas ele não deve usar não, pelas idéias que eu já troquei com ele foi uma batalha pra ele sair dessa quando ele estava afundando nessas porcarias. Depois que ele conheceu a Cibele ele parou com tudo, não acredito que ele tenha voltado a usar. O cara é louco pela Cibele e pelo Henrique, não sei como ele pôde ter feito a besteira que fez hoje, ele jamais seria capaz disso...
  - É, mas fez né meu, isso que é fogo. Só se não foi ele, se foi alguma coisa que fez ele agir assim...
  - Tipo o quê fiote?
  - Sei lá, tô pensando aqui comigo, mas é melhor só dizer alguma coisa quando tiver certeza.
  Os dois ficaram em silêncio pensando sobre aquilo tudo, algumas idéias que surgiam causavam mais e mais arrepios em Renzo, que apesar do tamanho tinha muito medo dessas coisas, mas resolveu deixar de pensar nisso e se dispôs a arrumar a bagunça que estava no corredor da casa, foi quando ouviram o carro de Jean chegando.
  - Brutus, deita aqui!!! – disse Hanz ao cão para que ele não impedisse a entrada do companheiro que chegara.
  Jean logo entrou na sala e vendo a situação do rapaz não pôde deixar de comentar.
  - Nossa Hanz, o que fizeram com você cara?
  - Senta aí Jean, fica à vontade. Pô meu, pior que não fizeram nada, fui eu que caí ali no corredor e me machuquei, mas já tô legal. O que me preocupa também é termos que adiar a ação de hoje, já estava tudo certinho pra hoje...
  - Não esquenta com isso, a ação pode ser feita outro dia, isso é o de menos, a gente mantém tudo o que foi combinado e só muda o dia da execução. Mas o Renzo me contou que parecia ter alguém aqui na sua casa, como foi isso?
  - É, eu ouvi uns barulhos e depois vi um vulto, mas não tem nenhum vestígio na casa, não sei como explicar isso. Mas vamos falar sobre o Paulo. A Cibele acabou de me ligar e me contou o que ele fez. E agora, o que a gente faz?
  - Eu estava pensando nisso esse tempo todo. Olha, ele sabe do alvo que a Cibele ia atacar, então eu vou até lá e tentar ver se ele aparece, pode ser que ele apareça pra lá na tentativa de tomar o lugar dela, daí eu impeço ele. Acho que é a única coisa que dá pra fazer.
  - Eu também vou Jean. Não vou trabalhar hoje, já telefonei pro Chopp contando do que aconteceu com o Hanz e eles me liberaram. Eu vou até lá também, com dois procurando fica mais fácil. Eu também tinha pensado nisso, se ele fez questão de levar os bagulhos só pode ser com essa intenção. – disse Renzo terminando de varrer os últimos cacos do chão.
  - E eu tenho que mudar a programação dos e-mails, eles não serão mais enviados. Deixa eu fazer logo isso antes que eu me esqueça. – lembrou-se Hanz já se levantando.
  - Bem lembrado. – disse Jean seguindo-o.
  Logo estavam os três no quarto enquanto Hanz fazia sua parte no computador.
  Eram quase vinte e uma e trinta, ainda tinham um tempo razoável para planejarem a nova ação da noite visto que o horário para a execução da que havia sido cancelada era uma da madrugada.
  - Então fica assim, a gente fica rodando pelo quarteirão com um a distância segura que nos permita vigiar o local Renzo, assim que um de nós encontrar o Paulo é pra imediatamente tomar o material e a arma dele, não dá pra saber o que esse cara tá pensando em fazer. Depois avisa o outro pra gente voltar pra minha casa. Lá é tranqüilo, não tem problema de a gente chegar de madrugada, é  bom não ficarmos nos encontrando direto aqui pra não levantar nenhuma suspeita.
  - Tá certo... Porra, o Paulo tá louco mesmo, até a arma ele levou. Isso não tá me cheirando nada bem, droga. Isso porque eu conversei com ele agora pouco mesmo...
  - Parece que eu sempre soube que ele ia fazer alguma coisa. Tomara que ele não faça nada, que só tenha pego as coisas pra impedir que a Cibele agisse. – disse Hanz ainda esperançoso.
  - É uma opção, e com certeza essa é a mais tranqüila pra todo mundo. Mas é bom sermos cuidadosos, sugiro que não digamos nada pra Cibele, só por garantia. – disse Jean.
  - Você acha que ela pode estar envolvida nisso fiu?
  - Não sei, acho difícil diante de tudo o que vem acontecendo. Ela mesma tem se queixado dele pra gente, mas acho melhor estarmos precavidos. E não vai adiantar nada falar pra ela sobre o que vamos fazer, não tem necessidade. Acho melhor assim, por garantia é melhor não dizermos nada.
  - É uma boa idéia Jean, se ela ligar aqui eu digo que você tá dando umas voltas pela cidade procurando ele. – fala Hanz.
  - E a Tatiana, a gente conta pra ela? – indaga Renzo.
  - Acho que também não precisa. Eu confio nela, mas é melhor não, ela conhece a Cibele, melhor não mesmo. Quanto menos pessoas souberem dessa nossa busca é melhor. Aliás, ela me disse que apareceria por aqui pra ver como o Hanz está, até agora nada?
  - Não, ela não apareceu por aqui não. Se aparecer eu nem toco nesse assunto então. – disse Hanz.
  Renzo, como sempre, olhou pra Hanz e deu uma piscada maliciosa.
  - Bom, você tá com seu “brinquedo” aí com você Renzo?
  - Tá no carro. Será que vamos ter que usar? – Renzo se assusta com a pergunta de Jean, não lhe passava pela cabeça ter que usar de violência contra Paulo, ele sempre foi seu amigo, e era devido à um convite feito por ele que o rapaz e a esposa tinham se juntado no grupo. Mas não era culpa dele se o amigo agora agia daquela forma estranha. De qualquer forma essa idéia não o agradava.
  - Não sei cara, espero que não, mas por via das dúvidas deixa ele bem perto de você. Fica esperto você também aqui em casa Hanz, não sabemos o que pode acontecer. O cara até bateu na esposa dele, coisa que nunca tinha feito, vai saber o que ele pode fazer com a gente, principalmente estando armado.
  - É verdade, vou ficar atento aqui em casa... – concordou Hanz sem titubear, àquela altura ele já nutria uma grande antipatia por Paulo, infelizmente.
  - Sinceramente eu espero não ter que usar de força bruta com ele, mas sei lá, ele tá pisando muito na bola, se for necessário, não vai ter outro jeito. – disse Renzo visivelmente chateado.
  - Entendo você Renzo, eu sei que o cara é seu amigo faz tempo e que foi você que convidou ele pra fazer parte do grupo. Mas não tem porque se sentir culpado cara, você não poderia imaginar que ele começasse a agir dessa forma. Somos nós ou ele. – disse Jean acendendo um cigarro.
  - E talvez ele nem apareça por lá meu, é só uma hipótese. Mas é como o Jean disse: se houver necessidade de usar de violência com ele, será pela nossa própria segurança. Já cancelei a programação pra hoje.
  - Eu sei Hanz. Fiquem sossegados, se precisar fazer alguma coisa eu faço, eu também tô puto com o que ele vem fazendo. Pô, agredir a Cibele foi demais. Bom galera, eu vou indo nessa, vou na casa da Bianca, ficar um pouco com ela já que não vou trabalhar. A que horas e onde a gente se encontra pra ir pra lá Jean? – Renzo se levanta pra sair.
  - Pode ser em algum lugar já lá na saída pra rodovia, assim já economizamos tempo. Alguma sugestão?
  - Que tal na frente do Arabian´s, lá é movimentado nem vão notar a gente. Pode ser?
  - É, pode ser lá sim. Meia-noite a gente se encontra lá. Bom, eu vou indo também então. Se cuida por aí Hanz e qualquer coisa liga pra gente. – fala Jean também se levantando pra ir embora.
  - Pode deixar, qualquer novidade eu ligo sim.
  - E não fica chateado não fiu, veja pelo lado bom, com esse acidente você pelo menos conseguiu uns dias de licença do trampo. – fala Renzo tentando animar um pouco o amigo.
  - É verdade, nem tinha prestado atenção nisso, foi bom me lembrar, uma semana de férias não faz mal pra ninguém.
  Hanz também se levanta para acompanhar os amigos até o portão, mas ainda cauteloso temendo forçar demais suas costelas machucadas.
  Brutus parecia entender o estado de saúde do seu dono e estava sempre ao seu lado.
  Os dois partiram em seus carros e Hanz novamente encontrou-se sozinho na pequena travessa deserta.
  Nem mesmo os rapazes que sempre eram encontrados por ali marcavam presença, não era muito tarde, passava um pouco das vinte e duas horas, mas como era um domingo eles costumavam entrar para casa cedo pois trabalhavam na manhã seguinte.
  Ainda que deserta ela não tinha o aspecto assustador que muitas vezes possuía. A noite estava com uma temperatura bastante agradável e a lua cheia tornava-a bastante clara ao iluminá-la com sua luz. Mas Hanz não se demorou muito no portão pois lembrou-se de seguir a recomendação de Jean que achou melhor ele se precaver. Paulo ainda não havia sido localizado e eles não sabiam quais eram os planos do rapaz.
  - Vamos pra dentro Brutus, não vamos dar mole pro azar não bichão... – disse ele trancando o portão.
  Qualquer coisa poderia acontecer naquela noite...

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