Já era a terceira dose de conhaque, o que
indicava que ele já estava ali por um tempo razoável, e com certeza não seria a
última.
Em um boteco do centro da cidade uma figura
sentada à um canto chamava a atenção entre os poucos freqüentadores do local,
em sua maioria malandros e prostitutas, que perambulavam por aquelas ruas como
de costume.
O rapaz jamais tinha sido visto por ali, o
que despertava a curiosidade dos que conheciam os freqüentadores habituais do
lugar. Os malandros temiam que ele fosse um policial a espreita, prestes a pôr
um fim em seus negócios escusos e as prostitutas ansiosas por descobrir se ele
se tratava de algum novo cliente disposto a pagar bem um programa embora o Gol
vermelho estacionado ali próximo dissesse o contrário.
Ele estava debruçado sobre a mesa, olhava
fixamente para o copo, um olhar perdido no líquido amarronzado que ele
continha. Não dizia nada... não demonstrava nenhum interesse pelo que acontecia ao seu redor como se ali
estivesse apenas por estar...
Não parecia estar procurando diversão, estava
carrancudo, pensativo, como se relembrasse antigos fatos desagradáveis de sua
vida.
Uma das prostitutas se aproximou
charmosamente de sua mesa, embora ele nem sequer tivesse notado isso, e
resolveu falar-lhe. Todos os presentes pareciam atentar-se ao fato, na
esperança de ter alguma pista sobre a intenção daquele rapaz naquele local.
- Um homem tão bonito e aqui sentado sozinho.
Já faz tempo que você está aí, se está esperando alguém acho que levou um bolo.
Será que você pode me pagar uma bebida pra que eu te faça companhia? É difícil
ver um homem bonito assim por aqui. – disse ela já puxando uma cadeira da mesa
para sentar-se.
- Quando eu quiser companhia eu aviso... –
murmurou ele sem desviar seus olhos do copo.
O tom de sua voz estava diferente, quem o
conhecesse saberia fazer a diferenciação, mas para a mulher soava apenas como
um murmúrio.
Mesmo com certa dificuldade ela pôde ouvir
suas palavras e hesitou em sentar-se, mas como já era um costume daquelas que
tinham seu ofício, resolveu insistir para tentar ganhar uns trocados a mais na
noite.
- Ora, que é isso? É um desperdício ver você
aí sozinho. Vamos conversar um pouco, aposto que você se sentirá bem melhor
depois que me conhecer, você parece chateado...
Paulo ergueu lentamente seus olhos e encarou
a mulher que se esforçava para ser simpática, olhou-a da cabeça aos pés, como
que analisando uma mercadoria antes de ser comprada. Um olhar sério, perdido,
como se visse algo além do que estava na sua frente. Uma mulher beirando seus
trinta anos, cabelos loiros visivelmente artificiais devido à sua coloração
berrante, roupas bastante chamativas, mini-blusa que deixava uma barriga
saliente à mostra e uma mini-saia que deixavam ser vistas pernas que um dia
possivelmente deviam ter sido mais bem torneadas.
- E então, posso? – indagou ela indicando
querer sentar-se.
Todos prestavam atenção na cena como se
fossem velhas aguardando os acontecimentos de um próximo capítulo da novela. As
conversas haviam desaparecido e só podia-se ouvir a música que tocava de um
surrado aparelho de som atrás do balcão. O que ele diria a seguir?
Mais uma vez fez-se ouvir o murmúrio do
estranho rapaz.
- Acha mesmo que deve se sentar comigo?
Já se sentando, ela prosseguiu.
- Claro, por que não? Garanto que você vai
adorar minha companhia, eu sei ser bastante carinhosa quando quero...
Vendo a mulher sentar-se o bar pareceu
retornar à vida e cada um resolveu cuidar de seus afazeres.
Novamente Paulo voltou seus olhos para o
copo, sem dar importância às insinuações da loira que se sentara à sua frente.
- Me paga uma bebida? – indagou ela.
- Desde que não seja whisky doze anos, peça o
que desejar. – respondeu ele com o olhar vidrado no copo.
A mulher se animou e fez um gesto para que o
balconista lhe trouxesse algo.
- Vejo que mesmo assim sério você tem sendo
de humor... qual seu nome?
Paulo acomodou-se na cadeira e tomou um gole
da sua bebida. A pobre mulher, por não conhecê-lo, foi incapaz de notar a
estranha expressão nos olhos dele. Seu pensamento parecia estar voltado
inteiramente à soma em dinheiro que receberia por seus serviços prestados à ele
logo mais.
- Isso realmente tem importância? – indagou
ele seriamente.
- Não, nenhuma... – respondeu ela sem graça.
Parecia que agradar aquele homem seria uma tarefa mais difícil do que ela
imaginara inicialmente.
Os dois ficaram em silêncio por alguns
instantes. Seus olhos estavam interligados, ainda que razoavelmente distantes.
Difícil imaginar o que se passava na cabeça de Paulo enquanto estava naquele
estranho estado, já na cabeça da prostituta era possível ter-se uma idéia ao
perceber sua mão alisando delicadamente seu decote. Ela imaginava que Paulo a
desejava, provavelmente ela estava enganada.
O rapaz do balcão, que era o dono do lugar,
trouxe uma caipirinha para a moça que ele chamou de Beth e ofereceu mais uma
dose de conhaque à Paulo, que não aceitou.
À sós na mesa, a mulher ainda tentava puxar
assunto com ele.
- Nunca te vi por aqui antes bonitão, você
não é daqui não?
Em silêncio, sem desviar seus olhos dos dela,
ele fez sinal negativo com a cabeça.
- Mas seu carro tem placas da cidade... –
insistiu ela.
- É de um amigo meu. – disse sorvendo mais um
gole de sua bebida.
- Podia ter trazido ele com você, quem sabe
assim você se animaria um pouco mais.
Paulo nada respondeu e desviou seu olhar para
a porta pela primeira vez. Não que lá houvesse algo interessante, mas por estar
enjoado daquela conversa.
- Se deseja sair daqui comigo sugiro que
termine logo sua bebida, ainda tenho algo importante a fazer essa noite e não
posso me atrasar. – disse ele finalizando seu conhaque.
- Podemos ir agora se quiser, sem problemas.
– concordou a loira tomando mais um gole de sua bebida. Quanto menos tempo ela
perdesse com Paulo seria melhor para ela afinal de contas para ela tempo era
dinheiro, literalmente.
Após o pagamento da conta o casal retirou-se
do boteco.
Já no carro de Paulo ela notou a pesada bolsa
que estava no banco do carona.
- O que você tem aí bonitão? – indagou ela
vendo Paulo colocando-a no banco traseiro.
- Material de trabalho, nada que seja do seu
interesse.
A rispidez com que ele lhe respondera
causou-lhe certa apreensão mas já estava acostumada a conviver com homens rudes
e prosseguiu com a conversa esforçando-se para ser o mais agradável possível.
- Pra onde vamos? Eu conheço uns lugares bem
tranqüilos em que podemos nos divertir. Acho que você não deve conhecer muito
bem a cidade já que não é daqui. Fica sossegado tá? Eu vou cuidar bem de você.
– disse ela apertando a coxa de Paulo.
- Tenho certeza de que você me dará tudo que
preciso. – disse ele arrancando com o carro.
Algumas mulheres se excitavam com atitudes e
palavras rudes dos homens, mas para aquela mulher o temperamento de Paulo não
causava nenhum sentimento diferente. Para mulheres que trabalham vendendo o
corpo esse é um fato rotineiro e ela talvez estranharia mais se ele se
comportasse carinhosamente com ela.
Paulo parecia já saber para onde a levaria e
durante o caminho Beth ia-lhe mostrando os lugares da cidade imaginando que ele
não conhecesse. Ela falava em excesso e isso começava a irritá-lo.
- É possível que fique quieta? Eu sei para
onde estou indo. Prefiro que você economize sua boca para logo mais tá certo?
- Tudo bem, se prefere assim. – disse ela já
imaginando o que lhe seria pedido assim que o carro encostasse.
Encaminhavam-se para a faculdade, havia uma
rua atrás dela que era bastante tranqüila e os casais costumavam estacionar ali
para namorar, Beth conhecia bem aquele lugar pois já estivera ali inúmeras
vezes.
Assim que fizeram a curva ela notou que
haviam somente dois carros no local, o lugar não estava tão cheio como ela
imaginara, mas nada de anormal para um domingo à noite já beirando o início da
madrugada. Coisas de cidade pequena.
Paulo ultrapassou os dois carros que estavam estacionados,
conforme indicavam os vidros embaçados as coisas deviam estar bastante animadas
dentro deles, e encostou seu carro bem à frente, distante deles para garantir
maior privacidade à todos.
Dirigiu seus olhos para o céu e viu a lua que
tudo iluminava. A mesma lua que o impedira de dar cabo da própria vida algumas
horas antes e que agora iluminava o corpo da mulher sentada ao seu lado.
Olhou-a e percebeu seu olhar de lascívia,
tinha aquela mulher à sua disposição, uma mulher que se submeteria passivamente
às suas piores perversões.
Consultou seu relógio: passava um pouco das
vinte e três horas. Havia tempo para um pouco de diversão antes de dedicar-se
ao seu trabalho daquela noite.
Em nenhum momento Paulo deixou transparecer
nenhum tipo de emoção. Sempre frio e calado, falava somente o necessário e num
tom de voz que somente ouvidos atentos conseguiam ouvir, muito diferente do
Paulo que todos conheciam, sempre simpático e comunicativo.
Para Beth isso não causou nenhuma estranheza,
mas quem conhecia Paulo sabia que aquele não era seu normal e que havia algo de
muito estranho nele.
Seus olhos novamente se interligaram em uma
demorada troca, mas a mulher parecia não estar disposta a perder tempo.
- E então bonitão, o que vai ser?
- Agora você pode usar essa boca. Vamos ver
do que você é capaz.
Beth não se fez de lograda e atendeu à todos
os pedidos de Paulo nos minutos que se seguiram. Pedidos até bastante incomuns
de serem feitos mas que não podiam ser negados por uma profissional do sexo que
já tinha visto de tudo e que não se surpreendera nem mesmo com os rosnados e
com as estrangeiras que foram pronunciadas enquanto ela se encarregava de dar
prazer ao seu cliente.
Enquanto Paulo se recompunha Beth fez menção
de acender um cigarro, mas com um estranho brilho no olhar foi impedida.
- Fume fora do carro, eu te espero. –
murmurou ele ajeitando suas calças.
Beth que já estava no ramo a um tempo
considerável não se fez de boba e tirou as chaves da ignição, levando-as com
ela sem nada dizer.
Um lampejo de ira brilhou nos olhos de Paulo,
não pela atitude da prostituta, mas por saber que seu plano sairia conforme sua
mente perturbada havia formulado.
Através dos vidros embaçados ele viu o
momento em que ela acendeu o isqueiro e lançou sua mão para o banco traseiro em
busca da bolsa.
Após trazê-la ao banco do passageiro ele
lentamente colocou o silenciador na pistola e com o macabro sorriso nos lábios
saiu do carro.
Beth assustou-se com a atitude dele, seu
sexto sentido parecia avisá-la de que algo de errado estava por acontecer.
-Pode ficar no carro bonitão, são só uns
traguinhos, já vamos embora. – disse ela enfiando a mão em sua bolsa em busca
do estilete que carregava para usar em situações extremas. Infelizmente ela não
podia ver o que Paulo trazia em sua mão pois ele estava do outro lado do
automóvel.
Paulo olhou para a rua, havia apenas um carro
estacionado, o outro já havia partido.
- Que se dane... – murmurou ele raivosamente.
- Quê? – indagou ela já com sua arma na mão,
esperando pelo pior.
Paulo lentamente deu a volta pela traseira do
carro para aproximar-se dela, que ainda não conseguia ver a arma que ele trazia
e acreditava ser capaz de dominar a situação com seu estilete.
Ao dar a volta no carro Paulo viu o que ela
trazia na mão, seu sorriso maligno ficou ainda mais largo.
- Pretende se defender com isso vagabunda? –
indagou ele escondendo sua pistola atrás do corpo.
- Fica longe de mim seu filho da mãe
desgraçado, se você fizer alguma coisa comigo meus amigos vêem atrás de você
seu otário. Você acha que eles já não anotaram a placa do seu carro? – gritou
ela de estilete em punho.
A distância que estavam um do outro não
permitia que Beth desferisse nenhum golpe em Paulo, mas ela sabia que se ele
tentasse fazer alguma coisa com ela essa distância diminuiria e ela poderia
agir com facilidade contra seu agressor.
O outro carro que estava estacionado acendeu
seus faróis e ligou seu motor, talvez seus ocupantes tivessem percebido a
situação nada tranqüila em que a mulher se encontrava e estavam vindo em seu
socorro. Paulo nem sequer olhou para trás, aquilo parecia não preocupá-lo.
Para desespero de Beth o carro deu ré e foi
embora cantando pneus, seu motorista certamente conseguira ver a arma que Paulo
escondia atrás de si, mas ela sabia que enquanto estivesse armada não poderia
ser agredida.
Paulo deu uma longa risada que ecoou
sinistramente pelos prédios vazios e escuros da faculdade, agora era apenas a
mulher contra ele.
- Quem virá atrás de mim sua piranha? Aqueles
vagabundos que estavam naquele boteco imundo em que você trabalha é? Acho que
não... – disse ele lançando novamente seu olhar no fundo dos olhos da valente
mulher.
- O que você quer de mim porra? Eu não tenho
dinheiro não, você é o meu primeiro cliente da noite!! – gritou ela na
tentativa de fazer com que Paulo desistisse de sua possível investida.
- Cliente... você fala como se fosse uma
executiva não é sua pilantra? Você é lixo e eu vou dar fim em você, eu sou o
ultimo cliente que você terá na vida a menos que consiga mais alguns no
inferno... – a raiva que Paulo impunha em sua voz era desconcertante, não havia
motivo para aquilo, Beth não havia feito nada para que ele ficasse daquele
jeito.
Ela já havia percebido que ele escondia
alguma coisa na mão que trazia às costas, o que poderia ser? Dependendo do que
fosse ainda havia a possibilidade de ela conseguir se defender com o estilete
que agora apontava para Paulo, mas ela ainda tentava argumentar.
- Por que isso tudo cara? O que foi que eu te
fiz? Eu fiz tudo o que você quis, tudo o que você me pediu, é só me pagar e ir
embora. Se o problema for dinheiro não tem problema, pode ficar frio que não te
cobro dessa vez, é esse o problema?
As palavras de Beth pareciam ter o poder
inverso ao que ele desejava, a cada palavra sua o homem a poucos metros parecia
ficar mais e mais enfurecido chegando a bufar de raiva como um animal furioso.
- Eu te disse que você me daria tudo o que eu
preciso não disse? Pois então, você vai dar, e ninguém impedirá isso. –
finalmente Paulo trouxe o objeto prateado para frente de seu corpo e apontou-a
na direção de Beth, que ficou paralisada de medo.
O silenciador acoplado à pistola fazia com
que ela ficasse ainda maior e mais assustadora.
Naquele momento ela percebeu que o estilete
que carregava de nada lhe valia, o que era ele diante da pistola que aquele
estranho homem carregava?
- Por favor, não faça isso, pelo amor de
Deus, não me mate cara!!! – implorou ela.
Lentamente ele foi se aproximando, parecia
ignorar o estilete que ela carregava. Era exatamente isso que ela rezava que
acontecesse, que a distância entre eles diminuísse o suficiente para que ela
pudesse golpeá-lo.
Tentando manter a atenção de Paulo desviada
ela continuava implorando em nome de Deus que ele a deixasse ir em segurança,
calculando a distância entre eles, que diminuía pouco a pouco.
- Não implore por Deus sua piranha imunda,
ele não ajuda nem a mim e muito menos à você. Grite o quanto quiser... enquanto
pode. – Paulo transpirava de ódio. Por que simplesmente não disparava e acabava
com aquilo antes que surgisse alguém em defesa daquela mulher? E se o casal que
partira acionasse a polícia? Ele parecia não pensar em nada, apenas
deleitava-se com o horror e o desespero da mulher que estava agora a alguns
passos dele.
Seu braço estendido carregava a pistola que
novamente reluzia com o luar e tinha o rosto de Beth em sua mira. Bastava um
movimento de seu dedo para que os miolos da mulher se espalhassem pelo chão,
era isso o que ele mais desejava naquele momento.
Mas algo saíra errado e assim que Beth
percebeu que a proximidade entre eles era a suficiente desferiu um golpe no
braço de Paulo e jogou-se no chão esquivando-se de um possível disparo que por
ventura se seguiria. Mas o disparo não aconteceu, Paulo apenas trouxe seu braço
ferido para junto de seu corpo, sem emitir nenhum gemido.
Novamente ele estava longe de seu alcance e
caída no chão Beth não sabia o que fazer.
- É com isso que você espera salvar sua vida?
Ao contrário, ele só aumenta ainda mais seu sofrimento. – disse Paulo olhando
para o corte em seu braço.
- Sai daqui!!! Me deixa em paz desgraçado!!!
– gritava ela apavorada.
Paulo em um movimento brusco se aproximou
dela e pisou em sua perna, comprimindo-a contra o cimento da calçada. A pobre
mulher soltou um longo grito de dor e fez menção de repetir o golpe com o
estilete, mas Paulo agarrou-a pelo pulso e com uma torção fez com que ela
largasse a arma que trazia. Agora ela estava à mercê daquele monstro.
- Seu corpo vai ficar lindo apodrecendo nesse
matagal... – disse ele com sua voz murmurante enquanto a levantava pelo braço.
A faculdade ficava do outro lado da rua, e do
lado em que estavam apenas um denso matagal tomava conta do lugar. Os
estudantes sempre reclamaram da existência desse lugar pois nele sempre
refugiavam-se meliantes que cometiam assaltos freqüentes.
- Por que você tá fazendo isso? Eu não te fiz
nada. Por favor, me desculpe se eu fiz alguma coisa pra você, me desculpe pelo
amor de Deus. – Beth implorava já com seu rosto próximo ao dele, que olhava
dentro de seus olhos deliciando-se com seu sofrimento.
Ao ouvir a palavra “Deus” Paulo jogou a
pistola na calçada e desferiu um soco direto no rosto da pobre mulher, que
calou-se de imediato deixando apenas suas lágrimas silenciosas escorrerem por
sua face maquiada.
- Não fale mais de Deus pra mim sua maldita.
Você nunca mais irá falar em Deus pra mim. – murmurou ele com seus olhos juntos
aos dela.
Beth estava confusa, o som da arma caindo na
calçada trouxe-lhe esperança de que não mais seria morta ao mesmo tempo que as
palavras ameaçadoras daquele homem terrível faziam com que ela tivesse a
certeza de que ele a mataria.
Como uma besta totalmente fora de controle,
numa cena brutal e covarde, Paulo esmurrou o rosto de Beth enquanto segurava-a
pelo braço com a outra mão impedindo que ela caísse novamente
O prazer que ele parecia sentir era maior do
que aquele que Beth instantes antes lhe proporcionara, seu sorriso não
desaparecia mesmo diante da força que impunha nos golpes que desferia contra o
rosto dela.
Em poucos instantes seu rosto estava
desfigurado. Sangue escorria de sua boca e de seu nariz e um de seus olhos já
estava fechado após tantos golpes que recebera.
Como um louco Paulo novamente soltou sua
gargalhada perturbada e arremessou-a violentamente contra a calçada. Sua cabeça
chocou-se contra ela e Beth estava prestes a perder a consciência.
- Me mata logo seu miserável, acaba logo com
isso... – gemeu ela percebendo que não havia mais escapatória.
Paulo olhava com satisfação para a mulher
caída à sua mercê. Sua sede enlouquecida parecia não ter fim.
- Como as coisas são engraçadas, até a pouco
você implorava por sua vida e agora implora por sua morte... Mas já me cansei
de você, meu alvo é outro, está na hora de ir até ele.
Paulo apoderou-se do estilete que estava
próximo à ele e com o pé empurrou o corpo de Beth fazendo com que ela ficasse
de bruços, ajoelhando-se sobre seu dorso em seguida.
- Espero que tenha apreciado a minha
companhia. Eu te encontro no inferno sua vadia... – foram as últimas palavras
que Beth ouviu antes que Paulo lentamente cortasse seu pescoço com a arma que
ela julgava poder defendê-la...
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