Tatiana e Cibele expressavam um misto de medo
e preocupação em seus olhos. Medo por estarem numa casa onde a algumas horas
sons e vultos estranhos haviam acontecido e preocupadas por agora terem certeza
de que Paulo devia estar sob a influência de algum espírito perturbador.
Paulo havia terminado de dar as explicações
que elas haviam-lhe pedido e também lhes relatara o que a pouco havia-lhe
acontecido e motivado os ferimentos que agora possuía.
Fez-se um longo silêncio na sala e enquanto
as duas entreolhavam-se sem saber bem o que dizer Hanz parecia tranqüilo,
aquilo tudo não parecia ser novidade para ele.
- Se rezarmos pelo bem estar do Paulo ele
ficará melhor? Não temos o hábito de rezar Hanz... – disse Cibele aflita.
- É o que diz a doutrina que sigo, mas foi
como eu disse: em casos mais graves é necessário que se façam sessões para que
o espírito seja convencido a deixá-lo em paz. Cada caso é um caso, não dá pra
generalizar.
Tatiana parecia bastante aterrorizada.
- Você tá sentindo alguma coisa aqui agora
Hanz?
- Não Tati, a companhia de vocês parece ter
acalmado as coisas. – disse Hanz com um sorriso, tentando fazê-las
relaxar.
Ele sabia que aquilo tudo as deixaria
assustadas, não são todos que crêem na possibilidade de um contato dos que já
morreram com o chamado “mundo dos vivos” e quando sabem dessa possibilidade
sentem faltar-lhes o chão, é uma realidade totalmente nova.
Elas já tinham ouvido muitas histórias a
respeito, visto e lido alguma coisa na televisão e em revistas, mas ouvir da
boca de alguém tão confiável como Hanz que esses fenômenos realmente existem é
algo bem mais convincente.
- Mas eles não podem nos atacar do nada
então, não possuem o poder de nos obrigar a fazer coisas erradas, não podem
tomar nosso corpo quando bem quiserem...
- Não Cibele, nenhum espírito tem o poder de
criar sentimentos dentro de nós e nem de se apoderar do nosso corpo, o que eles
podem é aproveitar nossos momentos de fraqueza emocional para induzir-nos ao
mal. É como se eles colocassem fermento em pequenos pedaços de pão, fazendo-os
crescer, não fazem o pão nascer, apenas aumentam o que já existe dentro de nós.
O pão no caso são os sentimentos ruins, o vício, a raiva, a inveja, etc... Para
chegarem ao ponto de tomarem conta totalmente de nós é porque temos muito pão
para ser fermentado e, principalmente, porque deixamos que esse pão cresça
dentro de nós. Nenhum espírito toma conta de um corpo, a palavra “incorporar” é
usada de maneira errada pois o espírito obsessor não invade o corpo daquele que
ele atormenta, ele fica como que fosse do lado dessa pessoa lançando-lhe
pensamentos maus, e essa pessoa que já tem o pão muito fermentado fica à mercê
de sua vontade, como um boneco de ventríloquo, entendem?
- Acho que entendi. Por isso temos que tomar
cuidado com o que pensamos e sentimos, algum espírito pode se aproveitar deles
e lançar o tal do fermento, é isso?
- Isso mesmo Tati, nós espíritas usamos muito
aquela frase da Bíblia: Orai e vigiai. Quer dizer que devemos não apenas orar
para Deus mas também prestar atenção aos nossos pensamentos e sentimentos,
porque eles são como portas que se abrem em nosso íntimo. Se abrimos portas
boas, os espíritos que possuem sentimentos bons aproveitam-se dessas portas, o
mesmo acontecendo quando abrimos portas ruins.
- E quando o Paulo abriu as portas ruins? Ele
não faz nada de errado, ao contrário, ele sempre viveu pra mim e pro Henrique.
– inconformava-se Cibele.
- Isso só ele pode saber. Ele pode fazer
somente coisas boas, mas quem sabe o que ele sente e pensa? Sem contar que
existem pessoas que possuem mediunidade e não sabem. Por não saberem que a
possuem não fazem o uso correto dela, dando abertura para a influência desses
espíritos que buscam pelo mal.
- É, eu já tinha ouvido falar disso. Mas
então você também dá essas brechas Hanz porque tem esse espírito aqui na sua
casa te atormentando... – disse Tatiana.
- Não vou dizer que não, ninguém é santo,
muito menos eu. Mas quem pode dizer que esse espírito que se manifesta aqui em
casa é ruim? Ele não me fez mal algum diretamente, eu caí e me machuquei porque
fui correr em um piso molhado, é a lei da física e ela ninguém pode mudar. Por
causa do meu ferimento e também pela crise de Paulo nós cancelamos a ação de
hoje não foi? Quem garante que isso não foi bom pra gente? Talvez esse fosse o
objetivo do espírito que se manifestou aqui em casa, fazer com que
desistíssemos do que íamos fazer hoje. Mas quanto ao Paulo eu acho que não deve
ser um espírito bem intencionado, infelizmente. Um espírito bem intencionado
não faria com que ele agredisse a mulher que ele ama e nem faria com que ele
criasse inimizade comigo ou quem quer que seja. As duas coisas terem acontecido
justo hoje deve ter sido coincidência.
Novamente o silêncio tomou conta da sala, as
duas moças refletiam sobre as palavras de Hanz. Parecia que novas portas haviam
se aberto para elas, portas para uma realidade que elas nunca imaginaram ou
nunca se interessaram por saber que existe.
- Olha, eu não sei quanto a vocês, mas eu tô
com fome. Vamos lá pra cozinha comer alguma coisa? – convidou o dono da casa.
- É, eu também estou, vamos sim. – disse
Tatiana.
Após as últimas explicações de Hanz o clima
tenso que havia tomado conta das duas mulheres havia se dissipado, elas
pareciam mais tranqüilas em relação a si próprias, mas ainda estavam,
principalmente Cibele, preocupadas com Paulo.
O telefone não havia tocado nenhuma vez,
sinal de que Renzo e Jean não haviam obtido sucesso em sua busca por Paulo, o
que as preocupava, mas não a Hanz, que conhecia o verdadeiro plano dos dois e
sabia que naquele intervalo de tempo eles não estavam à caça do rapaz, ainda.
Já em frente ao Arabian´s Renzo já estava
ansioso a espera da chegada de Jean. Munido de um enorme copo de polpa de açaí
com guaraná ele observava os carros que trafegavam pela avenida na esperança de
ver o Gol vermelho de Paulo passar.
Havia pouca movimentação na lanchonete devido
ao dia e ao horário, mas ainda assim ela era a mais movimentada da cidade, o
que fazia com que a permanência do rapaz ali na sua frente não causasse estranheza
à ninguém. Ele só torcia para que nenhuma amiga de Bianca o visse por ali pois,
se isso acontecesse, se iniciaria uma nova briga entre o casal.
Aproveitando que estava sozinho ele parou pra
pensar em tudo que estava acontecendo. Ainda não se conformava com as atitudes
de Paulo. O conhecia já a mais de um ano e ele sempre aparentou ser uma pessoa
equilibrada e confiável, como ele pôde mudar tanto de uns tempos pra cá? Se ele
soubesse que o amigo era capaz de mudar tanto seu comportamento jamais o teria
convidado para participar do grupo, que agora estava em perigo por causa das
atitudes dele. O pior era que, naquele momento, ele estava prestes a sair atrás
dele, havendo a possibilidade de que fosse obrigado a usar de força física num
caso de extrema necessidade. Isso o chateava muito, prezava muito pela amizade
dele e pensar que teria que atirar em Paulo o deixava visivelmente abalado.
Ao ter esse pensamento uma estranha sensação
lhe invadiu o peito como se alguma coisa terrível estivesse acontecendo e
levando em consideração o sumiço do amigo totalmente perturbado ele acreditava
que era alguma coisa relacionada à ele. Por onde andaria Paulo e o que ele
estaria fazendo? Era o que ele e Jean tentariam descobrir logo mais.
Por volta das vinte e três e cinqüenta ele
viu o carro de Jean encostando, mas não se falaram, achavam mais prudente que
não fossem vistos juntos em público. Mas Renzo precisava falar-lhe e utilizou
seu telefone celular.
- E aí fiu, alguma novidade?
- Não, tudo na mesma, vamos logo pro lugar do
trabalho, quero logo ver o que o Paulo tá pensando em aprontar.
- Ninguém te telefonou fiu? Nem a Tati?
- Não, meus telefones não deram nenhum sinal
de vida.
- Você não acha isso estranho?
- Não oras, o pessoal só ficou de ligar se tivesse
alguma novidade, pelo jeito não tem nenhuma. Normal.
- Beleza, deixa só eu ligar pro Hanz pra
saber como estão as coisas por lá e a gente já vai.
- Ok, liga lá então.
Renzo digitou o telefone de Hanz mas
estranhamente a ligação não pôde ser completada. Problema com seu aparelho não
era já que acabara de falar com Jean. Tentou então o celular do amigo e o mesmo
problema se deu. Algo não lhe cheirava bem.
Um aperto no peito fez com que ele fosse até
o carro de Jean, contrariando todas as recomendações.
- Cara, liga pra ele, eu não tô conseguindo.
Tô com um pressentimento esquisito.
Jean fez uma cara de quem desaprovava
totalmente a atitude do companheiro, mas fez o que ele pediu.
Tentou os dois números de telefone e a
ligação não pôde ser completada.
- Tá mudo, não tá completando. Liga pra
Cibele que eu ligo pra Tatiana, vamos ver se pelo menos elas atendem. – disse
Jean já demonstrando nervosismo.
Nenhum dos dois conseguiu completar sua
ligação. Na casa de Cibele ninguém atendia ao telefone e no celular de Tatiana
a ligação estava caindo na caixa postal.
- Não tá dando. Vamos pra casa do Hanz. Se o
cara for fazer alguma besteira o alvo com certeza será ele. – disse Jean já
ligando seu carro.
Renzo correu para o seu e ambos seguiram para
a casa de Hanz sem saber que Cibele e Tatiana também estavam por lá. O trajeto
costumava levar em média vinte minutos e por mais que quisessem fazer o trajeto
em menos tempo não podiam exceder muito a velocidade pois estavam portando suas
pistolas e se fossem parados pela polícia estariam bastante enrascados.
Enquanto isso, na casa de Hanz, as mulheres
estavam mais calmas após as explicações do anfitrião e todos lanchavam
tranqüilamente sem saber da preocupação de Jean e Renzo que se encaminhavam até
lá.
- Tati, eu tô preocupada com o Paulo. Eu acho
improvável, mas liga lá em casa pra ver se tem alguém lá. Faz pra mim? Eu
esqueci de trazer o meu celular.
A garota fez uma cara de contrariação mas
atendeu ao pedido da amiga. Ela ainda não entendia como ela podia se preocupar
tanto com um cara que a havia agredido da forma que fez, mas enfim, não custava
nada fazer o que ela lhe pedia.
- Não Cibele, o canalha não voltou pra casa,
ninguém atende. Seria muita cara de pau a dele de voltar pra dormir lá depois
do que ele fez não acha?
- Olha, vocês tem que entender que se o Paulo
está agindo devido à alguma influência espiritual ele não é totalmente
responsável pelos atos dele. Não devem ficar culpando o cara, isso só vai
piorar as coisas. – advertiu Hanz.
- É verdade Hanz, desculpa. Mas é difícil
conciliar isso tudo de imediato, foi mal. – desculpou-se Tatiana.
- Ele jamais seria capaz de fazer o que fez.
Eu tenho certeza absoluta disso. Ele nunca levantou a mão pro Henrique em anos
de convivência... Só pode ser obra de perturbação, estou convicta disso. –
disse Cibele demonstrando estar mais confiante na inocência do marido.
Hanz consultou seu relógio, faltavam cinco
minutos para a meia-noite, Jean e Renzo já deviam estar em frente à lanchonete.
Sentiu vontade de ligar pro grandalhão só pra confirmar o encontro dos dois e
desejar-lhes boa sorte, mas não podia deixar que as garotas descobrissem o que
estava por acontecer, esse era o combinado.
- É uma pena a ação de hoje ter sido
cancelada, já estava tudo certinho. Mas Deus sabe o que faz. – disse Cibele.
- É mesmo, a de hoje seria sem igual, mas
enfim,... fazer o que né? – disse Tatiana um pouco desanimada.
- Não tem problema, é como o Jean disse: tudo
o que havia sido combinado continua valendo, é só escolher um outro dia. Assim
que eu estiver em condições novamente e toda essa situação em relação ao Paulo
estiver resolvida a gente bota pra quebrar de novo.
- É mesmo Hanz, isso é verdade. Eu já estou
mais tranqüila depois do que você explicou pra gente, mas ainda estou
preocupada com meu marido, o que será que ele está fazendo numa hora dessas?
- Todos estamos preocupados Cibele, mas
espero que ele não faça nada de errado. Não vou esconder que depois das últimas
agressões que ele me fez eu peguei antipatia por ele, mas após raciocinar sobre
isso que expliquei pra vocês essa antipatia já passou. Se for isso mesmo que
estiver acontecendo o pobre não tem culpa de estar agindo dessa forma.
- Deve ser horrível passar pelo que ele está
passando, acho que eu enlouqueceria. – disse Tatiana.
- Muitos enlouquecem Tati. Muitos casos
tratados como loucura são fruto de perturbações como a que ele está sofrendo,
se os médicos tivessem o conhecimento da doutrina, disso tudo que expliquei pra
vocês, aposto que o tratamento seria muito mais eficaz, mas enfim...
Novamente os três mergulharam em seus
pensamentos acerca de tudo aquilo. Muitas pessoas teimam em manter-se apegadas
à seus próprios dogmas e à ensinamentos transmitidos por seus familiares e religiões
que negam a possibilidade de uma existência após a morte. Mas os fatos falavam
por só próprios e estavam ali diante dos olhos das pessoas, bastava que elas os
estudassem e aceitassem.
- Olha Hanz, desculpa termos que fazer igual
cachorro magro mas é melhor já irmos andando, amanhã não vai ser fácil acordar
cedo pra ir trabalhar, já está tarde. – disse Cibele meio sem graça.
- Não precisam fazer cerimônia por minha
causa não. Podem ficar o quanto quiserem, eu costumo ir dormir sempre tarde...
- É Ci, não sei porque essa pressa de ir
dormir cedo. E se a ação de hoje estivesse de pé, você tem idéia de a que horas
você ia dormir? Pára com isso, parece uma velha.
Hanz não sabia explicar o porquê, mas Tatiana
estava especialmente encantadora aquela noite. Havia percebido que ela não
estava mais falando tantas gírias como de costume e de que seu jeito estava
mais próximo ao que ela possuía naquela noite que passaram juntos e que tanto o
encantou. Será que seu desejo estava sendo atendido? Será que finalmente ela
estava deixando sua personagem radical de lado e assumindo definitivamente sua
real identidade que tanto o encantava?
A frase de Cibele o deixou atônito.
- Ah Tati, se você tá a fim de passar a noite
aqui com o Hanz é só dizer. Eu tô bem pra dirigir, minha perna não tá mais
doendo quase, eu posso ir pra casa e você fica aí com ele.
O rosto do rapaz parecia queimar,
provavelmente estava vermelho de vergonha e elas certamente notariam isso.
- Ah sua boca aberta, olha o que você tá
falando! – disse Tatiana também sem jeito.
- Pô, fala sério vocês dois heim. Ela já me
contou que vocês passaram uma noite juntos Hanz, não precisam ficar escondendo
isso de mim. Se estão com vontade de repetir a dose por que vocês não falam
logo? – disse Cibele rindo.
Hanz, ainda ruborizado, encarou Tati com ar
de reprovação. Ele imaginava que ninguém além deles sabia do que havia
acontecido. Mas se ele mesmo tinha contado para Renzo sobre aquela noite, que
mal havia em ela contar para sua amiga também?
-É, eu contei pra ela Hanz, desculpa. Mas ela
é minha amiga né?
- Tudo bem Tati, sem problemas. Eu sei como
são as mulheres... Mas se quiser dormir aqui fique à vontade, eu não me
importo, desde que você tenha perdido o medo de fantasmas.... – disse ele já rindo
percebendo que não havia mais o que fazer.
Ela olhou para a amiga com cara de quem
preferia aceitar o convite.
Cibele, demonstrando seu lado gozador,
prosseguiu.
- Fiquem aqui então. Espero que vocês se dêem
bem, eu gosto muito de vocês e acho um desperdício ver vocês dois sozinhos. Eu
vou pra casa na boa, quando chegar lá eu ligo pra vocês. Só acho bom você não
esperar do Hanz o mesmo desempenho daquela noite... – disse ela apontando para
o braço imobilizado do rapaz e se levantando.
- Então tá bom. Não esquece que a pistola que
o Jean me emprestou está debaixo do banco tá? Qualquer coisa já sabe. Mas não
esquece de me ligar assim que chegar em casa pra saber se você chegou bem tá?
Tenho medo de que te aconteça alguma coisa, sei lá o que Paulo poder estar
tramando.
- Ok, eu ligo sim, mas acho que ele deve
estar bem longe daqui agora. Não fique preocupada não Tati.
Hanz também se levantou para acompanhar a
amiga, que para sua alegria, estava com um ânimo bem melhor do que quando havia
chegado. Sinal de que tudo aquilo que ele lhe explicara não tinha sido em vão.
Aquele parecia ser um dia realmente diferente
dos demais, até Brutus estava mais obediente e atendeu prontamente quando seu
dono deu-lhe o comando para deitar-se.
- Ele tá ficando comportado né Hanz? – disse
Cibele aliviada pelo cão não pular sobre ela.
- É, ele tá criando modos. Tava na hora
também não é mesmo? – disse ele abaixando-se e fazendo um afago nas costas do
seu belo cão mas sem conseguir disfarçar um leve gemido de dor devido ao seu
peito.
- Sossega Hanz, você não pode ficar forçando
o peito cara. Amanhã eu passo na sua casa e pego a moto Ci. Não esquece de me
ligar quando chegar em casa heim, senão nem vou conseguir dormir sossegada.
- Eu ligo sim, mas duvido que vocês dois
consigam dormir tão cedo. – disse ela com um sorriso malicioso.
Hanz novamente sentiu-se corar, aquele tipo
de brincadeira sempre o deixava encabulado, principalmente vindo ela de Cibele,
com quem não tinha tanta intimidade.
- Fique tranqüila, eu vou cuidar direitinho
do senhor dodói aqui. – ao dizer isso Tatiana carinhosamente abraçou Hanz que
sentiu-se como em um sonho.
“Ela está muito diferente, nem parece a
Tatiana de sempre.” – pensou ele.
Será que Deus estava atendendo ao seu pedido?
Tatiana demonstrava ser a garota que por tantas e tantas vezes ele desejava que
fosse. Possivelmente as amigas haviam conversado a respeito e ela estava
seguindo alguma recomendação de Cibele.
- Amanhã eu trago seu carro tá Hanz. Desculpa
por abusar dele tá?
- Que é isso Cibele, fique a vontade, eu já
te disse que tão cedo não poderei dirigir mesmo. Ele tem bastante combustível,
não se preocupe. Ainda bem que agora consegui uma babá, não tenho que me
preocupar tanto... – diz ele entrando na brincadeira.
- Ah, não abusa não heim... – disse a bela
garota ainda abraçada à ele.
Os três riam como se todos os problemas
tivessem se solucionado, mas Paulo ainda estava desaparecido e Hanz fez com que
voltassem à triste realidade.
- Vamos entrando então. Acho que ainda não é
muito seguro ficarmos dando bobeira aqui fora.
- É verdade, deixa eu ir pra casa, cuidem-se
vocês dois heim. Beijos. – disse Cibele ligando o jipe.
- Você também, e vai logo pra casa. – disse
Tatiana que demonstrava estar bastante preocupada em a amiga ir embora sozinha.
Os dois nem sequer esperaram a amiga dobrar a
esquina e já entraram pra casa temendo que alguma coisa ruim pudesse lhes
acontecer e também pela ânsia de poderem estar sozinhos mais uma vez.
Renzo e Jean já estavam próximos dali, sem
saber que o amigo estava na companhia que tanto desejava. Não sabiam qual o
rumo que Paulo havia tomado e a perspectiva de que ele pudesse fazer alguma
coisa contra o amigo era preocupante.
Será que o pressentimento de Renzo tinha fundamento?
Não estariam eles perdendo um precioso tempo e deixando de evitar que Paulo
atacasse o alvo que antes era de Cibele e comprometesse a segurança do grupo?
Eles nem sequer tinham tempo para pensar
nisso tudo, o fato de não estarem conseguindo telefonar para Hanz os preocupava
e sentiam-se na obrigação de averiguar aquele fato, o amigo poderia estar em
perigo.
Talvez eles não estivessem perdendo tempo,
afinal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário