terça-feira, 27 de maio de 2014

Capítulo XXXV


  Tatiana e Cibele expressavam um misto de medo e preocupação em seus olhos. Medo por estarem numa casa onde a algumas horas sons e vultos estranhos haviam acontecido e preocupadas por agora terem certeza de que Paulo devia estar sob a influência de algum espírito perturbador.
  Paulo havia terminado de dar as explicações que elas haviam-lhe pedido e também lhes relatara o que a pouco havia-lhe acontecido e motivado os ferimentos que agora possuía.
  Fez-se um longo silêncio na sala e enquanto as duas entreolhavam-se sem saber bem o que dizer Hanz parecia tranqüilo, aquilo tudo não parecia ser novidade para ele.
  - Se rezarmos pelo bem estar do Paulo ele ficará melhor? Não temos o hábito de rezar Hanz... – disse Cibele aflita.
  - É o que diz a doutrina que sigo, mas foi como eu disse: em casos mais graves é necessário que se façam sessões para que o espírito seja convencido a deixá-lo em paz. Cada caso é um caso, não dá pra generalizar.
  Tatiana parecia bastante aterrorizada.
  - Você tá sentindo alguma coisa aqui agora Hanz?
  - Não Tati, a companhia de vocês parece ter acalmado as coisas. – disse Hanz com um sorriso, tentando fazê-las relaxar. 
  Ele sabia que aquilo tudo as deixaria assustadas, não são todos que crêem na possibilidade de um contato dos que já morreram com o chamado “mundo dos vivos” e quando sabem dessa possibilidade sentem faltar-lhes o chão, é uma realidade totalmente nova.
  Elas já tinham ouvido muitas histórias a respeito, visto e lido alguma coisa na televisão e em revistas, mas ouvir da boca de alguém tão confiável como Hanz que esses fenômenos realmente existem é algo bem mais convincente.
  - Mas eles não podem nos atacar do nada então, não possuem o poder de nos obrigar a fazer coisas erradas, não podem tomar nosso corpo quando bem quiserem...
  - Não Cibele, nenhum espírito tem o poder de criar sentimentos dentro de nós e nem de se apoderar do nosso corpo, o que eles podem é aproveitar nossos momentos de fraqueza emocional para induzir-nos ao mal. É como se eles colocassem fermento em pequenos pedaços de pão, fazendo-os crescer, não fazem o pão nascer, apenas aumentam o que já existe dentro de nós. O pão no caso são os sentimentos ruins, o vício, a raiva, a inveja, etc... Para chegarem ao ponto de tomarem conta totalmente de nós é porque temos muito pão para ser fermentado e, principalmente, porque deixamos que esse pão cresça dentro de nós. Nenhum espírito toma conta de um corpo, a palavra “incorporar” é usada de maneira errada pois o espírito obsessor não invade o corpo daquele que ele atormenta, ele fica como que fosse do lado dessa pessoa lançando-lhe pensamentos maus, e essa pessoa que já tem o pão muito fermentado fica à mercê de sua vontade, como um boneco de ventríloquo, entendem?
  - Acho que entendi. Por isso temos que tomar cuidado com o que pensamos e sentimos, algum espírito pode se aproveitar deles e lançar o tal do fermento, é isso?
  - Isso mesmo Tati, nós espíritas usamos muito aquela frase da Bíblia: Orai e vigiai. Quer dizer que devemos não apenas orar para Deus mas também prestar atenção aos nossos pensamentos e sentimentos, porque eles são como portas que se abrem em nosso íntimo. Se abrimos portas boas, os espíritos que possuem sentimentos bons aproveitam-se dessas portas, o mesmo acontecendo quando abrimos portas ruins.
  - E quando o Paulo abriu as portas ruins? Ele não faz nada de errado, ao contrário, ele sempre viveu pra mim e pro Henrique. – inconformava-se Cibele.
  - Isso só ele pode saber. Ele pode fazer somente coisas boas, mas quem sabe o que ele sente e pensa? Sem contar que existem pessoas que possuem mediunidade e não sabem. Por não saberem que a possuem não fazem o uso correto dela, dando abertura para a influência desses espíritos que buscam pelo mal.
  - É, eu já tinha ouvido falar disso. Mas então você também dá essas brechas Hanz porque tem esse espírito aqui na sua casa te atormentando... – disse Tatiana.
  - Não vou dizer que não, ninguém é santo, muito menos eu. Mas quem pode dizer que esse espírito que se manifesta aqui em casa é ruim? Ele não me fez mal algum diretamente, eu caí e me machuquei porque fui correr em um piso molhado, é a lei da física e ela ninguém pode mudar. Por causa do meu ferimento e também pela crise de Paulo nós cancelamos a ação de hoje não foi? Quem garante que isso não foi bom pra gente? Talvez esse fosse o objetivo do espírito que se manifestou aqui em casa, fazer com que desistíssemos do que íamos fazer hoje. Mas quanto ao Paulo eu acho que não deve ser um espírito bem intencionado, infelizmente. Um espírito bem intencionado não faria com que ele agredisse a mulher que ele ama e nem faria com que ele criasse inimizade comigo ou quem quer que seja. As duas coisas terem acontecido justo hoje deve ter sido coincidência.
  Novamente o silêncio tomou conta da sala, as duas moças refletiam sobre as palavras de Hanz. Parecia que novas portas haviam se aberto para elas, portas para uma realidade que elas nunca imaginaram ou nunca se interessaram por saber que existe.
  - Olha, eu não sei quanto a vocês, mas eu tô com fome. Vamos lá pra cozinha comer alguma coisa? – convidou o dono da casa.
  - É, eu também estou, vamos sim. – disse Tatiana.
  Após as últimas explicações de Hanz o clima tenso que havia tomado conta das duas mulheres havia se dissipado, elas pareciam mais tranqüilas em relação a si próprias, mas ainda estavam, principalmente Cibele, preocupadas com Paulo.
  O telefone não havia tocado nenhuma vez, sinal de que Renzo e Jean não haviam obtido sucesso em sua busca por Paulo, o que as preocupava, mas não a Hanz, que conhecia o verdadeiro plano dos dois e sabia que naquele intervalo de tempo eles não estavam à caça do rapaz, ainda.
  Já em frente ao Arabian´s Renzo já estava ansioso a espera da chegada de Jean. Munido de um enorme copo de polpa de açaí com guaraná ele observava os carros que trafegavam pela avenida na esperança de ver o Gol vermelho de Paulo passar.
  Havia pouca movimentação na lanchonete devido ao dia e ao horário, mas ainda assim ela era a mais movimentada da cidade, o que fazia com que a permanência do rapaz ali na sua frente não causasse estranheza à ninguém. Ele só torcia para que nenhuma amiga de Bianca o visse por ali pois, se isso acontecesse, se iniciaria uma nova briga entre o casal.
  Aproveitando que estava sozinho ele parou pra pensar em tudo que estava acontecendo. Ainda não se conformava com as atitudes de Paulo. O conhecia já a mais de um ano e ele sempre aparentou ser uma pessoa equilibrada e confiável, como ele pôde mudar tanto de uns tempos pra cá? Se ele soubesse que o amigo era capaz de mudar tanto seu comportamento jamais o teria convidado para participar do grupo, que agora estava em perigo por causa das atitudes dele. O pior era que, naquele momento, ele estava prestes a sair atrás dele, havendo a possibilidade de que fosse obrigado a usar de força física num caso de extrema necessidade. Isso o chateava muito, prezava muito pela amizade dele e pensar que teria que atirar em Paulo o deixava visivelmente abalado.
  Ao ter esse pensamento uma estranha sensação lhe invadiu o peito como se alguma coisa terrível estivesse acontecendo e levando em consideração o sumiço do amigo totalmente perturbado ele acreditava que era alguma coisa relacionada à ele. Por onde andaria Paulo e o que ele estaria fazendo? Era o que ele e Jean tentariam descobrir logo mais.
  Por volta das vinte e três e cinqüenta ele viu o carro de Jean encostando, mas não se falaram, achavam mais prudente que não fossem vistos juntos em público. Mas Renzo precisava falar-lhe e utilizou seu telefone celular.
  - E aí fiu, alguma novidade?
  - Não, tudo na mesma, vamos logo pro lugar do trabalho, quero logo ver o que o Paulo tá pensando em aprontar.
  - Ninguém te telefonou fiu? Nem a Tati?
  - Não, meus telefones não deram nenhum sinal de vida.
  - Você não acha isso estranho?
  - Não oras, o pessoal só ficou de ligar se tivesse alguma novidade, pelo jeito não tem nenhuma. Normal.
  - Beleza, deixa só eu ligar pro Hanz pra saber como estão as coisas por lá e a gente já vai.
  - Ok, liga lá então.
  Renzo digitou o telefone de Hanz mas estranhamente a ligação não pôde ser completada. Problema com seu aparelho não era já que acabara de falar com Jean. Tentou então o celular do amigo e o mesmo problema se deu. Algo não lhe cheirava bem.
  Um aperto no peito fez com que ele fosse até o carro de Jean, contrariando todas as recomendações.
  - Cara, liga pra ele, eu não tô conseguindo. Tô com um pressentimento esquisito.
  Jean fez uma cara de quem desaprovava totalmente a atitude do companheiro, mas fez o que ele pediu.
  Tentou os dois números de telefone e a ligação não pôde ser completada.
  - Tá mudo, não tá completando. Liga pra Cibele que eu ligo pra Tatiana, vamos ver se pelo menos elas atendem. – disse Jean já demonstrando nervosismo.
  Nenhum dos dois conseguiu completar sua ligação. Na casa de Cibele ninguém atendia ao telefone e no celular de Tatiana a ligação estava caindo na caixa postal.
  - Não tá dando. Vamos pra casa do Hanz. Se o cara for fazer alguma besteira o alvo com certeza será ele. – disse Jean já ligando seu carro.
  Renzo correu para o seu e ambos seguiram para a casa de Hanz sem saber que Cibele e Tatiana também estavam por lá. O trajeto costumava levar em média vinte minutos e por mais que quisessem fazer o trajeto em menos tempo não podiam exceder muito a velocidade pois estavam portando suas pistolas e se fossem parados pela polícia estariam bastante enrascados.
  Enquanto isso, na casa de Hanz, as mulheres estavam mais calmas após as explicações do anfitrião e todos lanchavam tranqüilamente sem saber da preocupação de Jean e Renzo que se encaminhavam até lá.
  - Tati, eu tô preocupada com o Paulo. Eu acho improvável, mas liga lá em casa pra ver se tem alguém lá. Faz pra mim? Eu esqueci de trazer o meu celular.
  A garota fez uma cara de contrariação mas atendeu ao pedido da amiga. Ela ainda não entendia como ela podia se preocupar tanto com um cara que a havia agredido da forma que fez, mas enfim, não custava nada fazer o que ela lhe pedia.
  - Não Cibele, o canalha não voltou pra casa, ninguém atende. Seria muita cara de pau a dele de voltar pra dormir lá depois do que ele fez não acha?
  - Olha, vocês tem que entender que se o Paulo está agindo devido à alguma influência espiritual ele não é totalmente responsável pelos atos dele. Não devem ficar culpando o cara, isso só vai piorar as coisas. – advertiu Hanz.
  - É verdade Hanz, desculpa. Mas é difícil conciliar isso tudo de imediato, foi mal. – desculpou-se Tatiana.
  - Ele jamais seria capaz de fazer o que fez. Eu tenho certeza absoluta disso. Ele nunca levantou a mão pro Henrique em anos de convivência... Só pode ser obra de perturbação, estou convicta disso. – disse Cibele demonstrando estar mais confiante na inocência do marido.
  Hanz consultou seu relógio, faltavam cinco minutos para a meia-noite, Jean e Renzo já deviam estar em frente à lanchonete. Sentiu vontade de ligar pro grandalhão só pra confirmar o encontro dos dois e desejar-lhes boa sorte, mas não podia deixar que as garotas descobrissem o que estava por acontecer, esse era o combinado.
  - É uma pena a ação de hoje ter sido cancelada, já estava tudo certinho. Mas Deus sabe o que faz. – disse Cibele.
  - É mesmo, a de hoje seria sem igual, mas enfim,... fazer o que né? – disse Tatiana um pouco desanimada.
  - Não tem problema, é como o Jean disse: tudo o que havia sido combinado continua valendo, é só escolher um outro dia. Assim que eu estiver em condições novamente e toda essa situação em relação ao Paulo estiver resolvida a gente bota pra quebrar de novo.
  - É mesmo Hanz, isso é verdade. Eu já estou mais tranqüila depois do que você explicou pra gente, mas ainda estou preocupada com meu marido, o que será que ele está fazendo numa hora dessas?
  - Todos estamos preocupados Cibele, mas espero que ele não faça nada de errado. Não vou esconder que depois das últimas agressões que ele me fez eu peguei antipatia por ele, mas após raciocinar sobre isso que expliquei pra vocês essa antipatia já passou. Se for isso mesmo que estiver acontecendo o pobre não tem culpa de estar agindo dessa forma.
  - Deve ser horrível passar pelo que ele está passando, acho que eu enlouqueceria. – disse Tatiana.
  - Muitos enlouquecem Tati. Muitos casos tratados como loucura são fruto de perturbações como a que ele está sofrendo, se os médicos tivessem o conhecimento da doutrina, disso tudo que expliquei pra vocês, aposto que o tratamento seria muito mais eficaz, mas enfim...
  Novamente os três mergulharam em seus pensamentos acerca de tudo aquilo. Muitas pessoas teimam em manter-se apegadas à seus próprios dogmas e à ensinamentos transmitidos por seus familiares e religiões que negam a possibilidade de uma existência após a morte. Mas os fatos falavam por só próprios e estavam ali diante dos olhos das pessoas, bastava que elas os estudassem e aceitassem.
  - Olha Hanz, desculpa termos que fazer igual cachorro magro mas é melhor já irmos andando, amanhã não vai ser fácil acordar cedo pra ir trabalhar, já está tarde. – disse Cibele meio sem graça.
  - Não precisam fazer cerimônia por minha causa não. Podem ficar o quanto quiserem, eu costumo ir dormir sempre tarde...
  - É Ci, não sei porque essa pressa de ir dormir cedo. E se a ação de hoje estivesse de pé, você tem idéia de a que horas você ia dormir? Pára com isso, parece uma velha.
  Hanz não sabia explicar o porquê, mas Tatiana estava especialmente encantadora aquela noite. Havia percebido que ela não estava mais falando tantas gírias como de costume e de que seu jeito estava mais próximo ao que ela possuía naquela noite que passaram juntos e que tanto o encantou. Será que seu desejo estava sendo atendido? Será que finalmente ela estava deixando sua personagem radical de lado e assumindo definitivamente sua real identidade que tanto o encantava?
  A frase de Cibele o deixou atônito.
  - Ah Tati, se você tá a fim de passar a noite aqui com o Hanz é só dizer. Eu tô bem pra dirigir, minha perna não tá mais doendo quase, eu posso ir pra casa e você fica aí com ele.
  O rosto do rapaz parecia queimar, provavelmente estava vermelho de vergonha e elas certamente notariam isso.
  - Ah sua boca aberta, olha o que você tá falando! – disse Tatiana também sem jeito.
  - Pô, fala sério vocês dois heim. Ela já me contou que vocês passaram uma noite juntos Hanz, não precisam ficar escondendo isso de mim. Se estão com vontade de repetir a dose por que vocês não falam logo? – disse Cibele rindo.
  Hanz, ainda ruborizado, encarou Tati com ar de reprovação. Ele imaginava que ninguém além deles sabia do que havia acontecido. Mas se ele mesmo tinha contado para Renzo sobre aquela noite, que mal havia em ela contar para sua amiga também?
  -É, eu contei pra ela Hanz, desculpa. Mas ela é minha amiga né?
  - Tudo bem Tati, sem problemas. Eu sei como são as mulheres... Mas se quiser dormir aqui fique à vontade, eu não me importo, desde que você tenha perdido o medo de fantasmas.... – disse ele já rindo percebendo que não havia mais o que fazer.
  Ela olhou para a amiga com cara de quem preferia aceitar o convite.
  Cibele, demonstrando seu lado gozador, prosseguiu.
  - Fiquem aqui então. Espero que vocês se dêem bem, eu gosto muito de vocês e acho um desperdício ver vocês dois sozinhos. Eu vou pra casa na boa, quando chegar lá eu ligo pra vocês. Só acho bom você não esperar do Hanz o mesmo desempenho daquela noite... – disse ela apontando para o braço imobilizado do rapaz e se levantando.
  - Então tá bom. Não esquece que a pistola que o Jean me emprestou está debaixo do banco tá? Qualquer coisa já sabe. Mas não esquece de me ligar assim que chegar em casa pra saber se você chegou bem tá? Tenho medo de que te aconteça alguma coisa, sei lá o que Paulo poder estar tramando.
  - Ok, eu ligo sim, mas acho que ele deve estar bem longe daqui agora. Não fique preocupada não Tati.
  Hanz também se levantou para acompanhar a amiga, que para sua alegria, estava com um ânimo bem melhor do que quando havia chegado. Sinal de que tudo aquilo que ele lhe explicara não tinha sido em vão.
  Aquele parecia ser um dia realmente diferente dos demais, até Brutus estava mais obediente e atendeu prontamente quando seu dono deu-lhe o comando para deitar-se.
  - Ele tá ficando comportado né Hanz? – disse Cibele aliviada pelo cão não pular sobre ela.
  - É, ele tá criando modos. Tava na hora também não é mesmo? – disse ele abaixando-se e fazendo um afago nas costas do seu belo cão mas sem conseguir disfarçar um leve gemido de dor devido ao seu peito.
  - Sossega Hanz, você não pode ficar forçando o peito cara. Amanhã eu passo na sua casa e pego a moto Ci. Não esquece de me ligar quando chegar em casa heim, senão nem vou conseguir dormir sossegada.
  - Eu ligo sim, mas duvido que vocês dois consigam dormir tão cedo. – disse ela com um sorriso malicioso.
  Hanz novamente sentiu-se corar, aquele tipo de brincadeira sempre o deixava encabulado, principalmente vindo ela de Cibele, com quem não tinha tanta intimidade.
  - Fique tranqüila, eu vou cuidar direitinho do senhor dodói aqui. – ao dizer isso Tatiana carinhosamente abraçou Hanz que sentiu-se como em um sonho.
  “Ela está muito diferente, nem parece a Tatiana de sempre.” – pensou ele.
  Será que Deus estava atendendo ao seu pedido? Tatiana demonstrava ser a garota que por tantas e tantas vezes ele desejava que fosse. Possivelmente as amigas haviam conversado a respeito e ela estava seguindo alguma recomendação de Cibele.
  - Amanhã eu trago seu carro tá Hanz. Desculpa por abusar dele tá?
  - Que é isso Cibele, fique a vontade, eu já te disse que tão cedo não poderei dirigir mesmo. Ele tem bastante combustível, não se preocupe. Ainda bem que agora consegui uma babá, não tenho que me preocupar tanto... – diz ele entrando na brincadeira.
  - Ah, não abusa não heim... – disse a bela garota ainda abraçada à ele.
  Os três riam como se todos os problemas tivessem se solucionado, mas Paulo ainda estava desaparecido e Hanz fez com que voltassem à triste realidade.
  - Vamos entrando então. Acho que ainda não é muito seguro ficarmos dando bobeira aqui fora.
  - É verdade, deixa eu ir pra casa, cuidem-se vocês dois heim. Beijos. – disse Cibele ligando o jipe.
  - Você também, e vai logo pra casa. – disse Tatiana que demonstrava estar bastante preocupada em a amiga ir embora sozinha.
  Os dois nem sequer esperaram a amiga dobrar a esquina e já entraram pra casa temendo que alguma coisa ruim pudesse lhes acontecer e também pela ânsia de poderem estar sozinhos mais uma vez.
  Renzo e Jean já estavam próximos dali, sem saber que o amigo estava na companhia que tanto desejava. Não sabiam qual o rumo que Paulo havia tomado e a perspectiva de que ele pudesse fazer alguma coisa contra o amigo era preocupante.
  Será que o pressentimento de Renzo tinha fundamento? Não estariam eles perdendo um precioso tempo e deixando de evitar que Paulo atacasse o alvo que antes era de Cibele e comprometesse a segurança do grupo?
  Eles nem sequer tinham tempo para pensar nisso tudo, o fato de não estarem conseguindo telefonar para Hanz os preocupava e sentiam-se na obrigação de averiguar aquele fato, o amigo poderia estar em perigo.
  Talvez eles não estivessem perdendo tempo, afinal.

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