- Vocês não vão me pegar não seus
miseráveis!! – rosnava Paulo dobrando à esquerda.
Jean, que o seguia de perto, não temia
perdê-lo de vista, mas sim, que a polícia os encontrasse e se envolvesse no
episódio.
“Ele não pode fugir a noite toda, uma hora
ele vai parar, o que vai ferrar tudo é se a polícia aparecer, nossos carros
estão cheios de equipamento. Vamos torcer pra ninguém aparecer.” – pensava ele.
Ao longe eles puderam ouvir as sirenes da
polícia, mas tudo indicava que as viaturas rumavam para a casa de Hanz, o que
impediria que viessem no encalço deles.
- Porra, só faltava isso!!! – gritou Renzo ao
também ouvi-las. Estava nervoso com aquilo tudo e sentia suas pernas amolecidas
diante de tanta agitação. Já havia se envolvido em situações de perigo como nos
casos do estupro de sua prima e da agressão que sofrera pelos meliantes e
sempre os ensinamentos adquiridos com a arte marcial que praticava permitiram
que ele mantivesse a calma, mas a situação que enfrentava agora era bastante
diferente pois muita coisa estava em jogo.
Paulo, apesar de estar fora de si, não
perdera seu raciocínio e também parecia se preocupar em não atrair a atenção da
polícia pois utilizava vias secundárias em sua fuga para evitar alguma patrulha.
- Tenho que fugir desses miseráveis, eles não
podem me impedir de fazer o que tenho que fazer!! – resmungava ele ainda tomado
pela cólera e consultando seu retrovisor.
Como era esperado a polícia em poucos minutos
chegava à pequena travessa, eram três viaturas, e os vizinhos indicaram a cada
onde deram-se os acontecimentos.
Hanz, que estava bastante calmo, atendeu ao
chamado dos policiais em seu portão que tão logo avistaram-no foram capazes de
o reconhecer. Havia se passado pouco tempo desde o episódio do ataque feito
contra Renzo.
- Poxa cara, você parece que gosta de se
meter em confusão heim. – disse o policial.
Tatiana, abrindo o portão, permitiu que Hanz
saísse à rua para dar-lhes as explicações necessárias.
A agora movimentada travessa nem de longe se
parecia com aquela que naquele horário costumava estar deserta, assistindo à
tudo estavam os moradores do lugar, e claro, os rapazes que tinham por hábito
estarem ali à toa.
- Longe disso, a confusão é que infelizmente
me persegue. – disse ele com Brutus ao seu lado. As garotas mantiveram-se no
quintal, seguindo as recomendações de Hanz para que deixassem que apenas ele
falasse.
- Recebemos várias ligações dizendo que tinha
um cara armado aqui na frente, o que aconteceu? – prosseguiu o policial.
- Podemos entrar e dar uma verificada na
casa? – indagou um outro.
- Fiquem a vontade... – disse Hanz dando
passagem à ele e mais dois policiais.
Vendo-os adentrarem sua casa ele prosseguiu
com as explicações.
- Como o senhor pode ver, eu estou ferido,
quem veio pro quintal ver o que estava acontecendo foi minha namorada. Eu
fiquei aqui na porta observando e pelo pouco que vi o cara que tinha a arma era
um daqueles que fugiu da cadeia esses dias e atacaram meu amigo. Quase
aconteceu uma desgraça porque o miserável pensava que era eu quem estava no meu
carro, e era a minha amiga, a Cibele. Não sei quantos eram, eu só pude ver um
cara, ele fugiu quando o carro do meu amigo dobrou a esquina, quando eles
chegaram eu estava no telefone com ele e graças à Deus ele estava aqui perto.–
disse Hanz apontando para a esposa de Paulo.
- Você devia ter telefonado pra gente assim
que eles chegaram aqui, é nossa obrigação cuidar da segurança dos moradores.
Não precisam ficar se arriscando, e onde está o Renzo? Por que ele se esvaiu do
local da ocorrência? – mesmo conhecendo os envolvidos no acontecimento o
policial parecia desconfiado.
Hanz hesitou um pouco em responder, não havia
pensando ainda em qual desculpa dar sobre isso.
- Não sei, ele saiu atrás do carro dos caras,
você sabe como ele é. Eu tô preocupado com ele.. – foi a única coisa que
conseguiu dizer.
- Mas que droga, o cara não toma jeito mesmo.
Aguarde um minuto aqui. – disse ele correndo até a viatura e falando no rádio.
Provavelmente ele estaria dando o alerta
sobre a perseguição que estava acontecendo na cidade e isso colocava em perigo
os amigos que estavam no encalço de Paulo, mas Hanz não conseguiu pensar em
outra coisa.
Ao terminar de se comunicar com a central o
policial foi abordado pelo vizinho que morava em frente à casa de Hanz, que
provavelmente havia feito o chamado.
Hanz e as garotas ficaram apreensivas pois
temiam que ele relatasse algum fato que desmentisse a versão que foi dada.
O policial retornou até ele com uma expressão
ainda mais desconfiada.
- Já dei o alerta. Vamos ver se dessa vez
pegamos os meliantes. Mas parece que havia uma garota também armada aqui
dentro, no quintal, e parecia ser sua namorada.
Hanz ruborizou-se, tinha que pensar rápido em
uma resposta convincente.
- Por que está vermelho? Tem alguma coisa que
não quer me contar Hanz? – pressionou-o o policial notando sua condição.
- Bom... é que não me sinto à vontade em
declarar que tive que ser defendido por ela. Infelizmente devido ao meu estado
ela quis vir até aqui fora e ver o que estava acontecendo. Alguém tinha que
fazer alguma coisa já que nossa amiga estava correndo perigo. Ela quando
resolveu sair não viu que o cara estava armado, ainda bem que não fizeram nada
com ela.
O policial olhou para as garotas que estavam
sentadas na muretinha da área, logo adiante.
- Hum... sei. Mas que arma era essa? Onde ela
está?
- Arma? Eu não tenho arma aqui em casa. Ela
saiu com uma faca de carne que eu tenho, é o mais próximo de uma arma que tenho
aqui, o senhor pode averiguar se quiser. – disse Hanz abrindo passagem caso o
policial desejasse entrar em sua casa.
- Não precisa não rapaz, meus companheiros já
estão averiguando tudo lá dentro. Se tiver alguma coisa eles vão encontrar,
fique sossegado. – disse ele em um tom confiante e ameaçador.
- Ok senhor, mas com certeza não há nada de
errado em minha casa, estou tranqüilo.
- Tá certo, mas e esses ferimentos no seu
rosto e no seu braço, o que houve? – prosseguiu.
- Nossa, foi ridículo, eu caí aqui em casa
encima do meu armário. Fui correr pra atender ao telefone e escorreguei no chão
molhado. O Brutus tinha mijado no chão e eu não vi. Mas já fui no hospital e
eles cuidaram de tudo. Parece piada não é? – disse Hanz sem graça.
- É, parece mesmo. Desse jeito você vai
acabar morrendo cedo rapaz, tem que tomar mais cuidado. – recomendou o policial
vendo seus companheiros saírem da casa.
- Tá tudo limpo lá dentro sargento. Só
encontramos o cesto de lixo lotado de cacos de vidro, nada fora do normal.
Vamos verificar os automóveis também? – indagou um deles já na calçada.
- Não há necessidade, ele já me relatou o que
ocorreu, já está tudo explicado. O cara é gente boa, eu conheço ele. O nosso já
conhecido Renzo é quem parece estar em mals lençóis, tá brincando de policial
por aí, ele foi atrás dos meliantes, é com isso que devemos nos preocupar
agora. Hanz, acho melhor você permanecer aqui por hora, amanhã cedo quero você
na delegacia fazendo o boletim de ocorrência, vamos ferrar com esses meliantes.
Com certeza eles serão pegos essa noite e quanto mais ocorrências tivermos
contra eles será melhor. – disse o policial dando-lhe um amigável tapa no
ombro.
Os demais dirigiram-se para suas viaturas,
com certeza iriam atrás de Renzo e dos hipotéticos meliantes.
- Tá certo sargento, amanhã logo cedo eu
apareço na delegacia, fique tranqüilo. – disse Hanz aliviado, os policiais
tinham acreditado em sua história. Sua preocupação agora era com Renzo e Jean.
- Vão dormir pessoal, a festa acabou! – disse
o sargento entrando em sua viatura.
Assim que os policiais se retiraram da
travessa Hanz fechou seu portão, não queria ficar dando satisfação sobre o
ocorrido aos vizinhos que certamente lhe fariam mais perguntas.
Enquanto Tatiana o trancava Hanz não deixou
de observar o olhar sarcástico com que Alex o olhava, ele parecia saber mais do
que devia...
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