terça-feira, 10 de junho de 2014

Capítulo XXXVII


  - Vocês não vão me pegar não seus miseráveis!! – rosnava Paulo dobrando à esquerda.
  Jean, que o seguia de perto, não temia perdê-lo de vista, mas sim, que a polícia os encontrasse e se envolvesse no episódio.
  “Ele não pode fugir a noite toda, uma hora ele vai parar, o que vai ferrar tudo é se a polícia aparecer, nossos carros estão cheios de equipamento. Vamos torcer pra ninguém aparecer.” – pensava ele.
  Ao longe eles puderam ouvir as sirenes da polícia, mas tudo indicava que as viaturas rumavam para a casa de Hanz, o que impediria que viessem no encalço deles.
  - Porra, só faltava isso!!! – gritou Renzo ao também ouvi-las. Estava nervoso com aquilo tudo e sentia suas pernas amolecidas diante de tanta agitação. Já havia se envolvido em situações de perigo como nos casos do estupro de sua prima e da agressão que sofrera pelos meliantes e sempre os ensinamentos adquiridos com a arte marcial que praticava permitiram que ele mantivesse a calma, mas a situação que enfrentava agora era bastante diferente pois muita coisa estava em jogo.  
  Paulo, apesar de estar fora de si, não perdera seu raciocínio e também parecia se preocupar em não atrair a atenção da polícia pois utilizava vias secundárias em sua fuga para evitar alguma patrulha.
  - Tenho que fugir desses miseráveis, eles não podem me impedir de fazer o que tenho que fazer!! – resmungava ele ainda tomado pela cólera e consultando seu retrovisor.
  Como era esperado a polícia em poucos minutos chegava à pequena travessa, eram três viaturas, e os vizinhos indicaram a cada onde deram-se os acontecimentos.
  Hanz, que estava bastante calmo, atendeu ao chamado dos policiais em seu portão que tão logo avistaram-no foram capazes de o reconhecer. Havia se passado pouco tempo desde o episódio do ataque feito contra Renzo.
  - Poxa cara, você parece que gosta de se meter em confusão heim. – disse o policial.
  Tatiana, abrindo o portão, permitiu que Hanz saísse à rua para dar-lhes as explicações necessárias.
  A agora movimentada travessa nem de longe se parecia com aquela que naquele horário costumava estar deserta, assistindo à tudo estavam os moradores do lugar, e claro, os rapazes que tinham por hábito estarem ali à toa.
  - Longe disso, a confusão é que infelizmente me persegue. – disse ele com Brutus ao seu lado. As garotas mantiveram-se no quintal, seguindo as recomendações de Hanz para que deixassem que apenas ele falasse.
  - Recebemos várias ligações dizendo que tinha um cara armado aqui na frente, o que aconteceu? – prosseguiu o policial.
  - Podemos entrar e dar uma verificada na casa? – indagou um outro.
  - Fiquem a vontade... – disse Hanz dando passagem à ele e mais dois policiais.
  Vendo-os adentrarem sua casa ele prosseguiu com as explicações.
  - Como o senhor pode ver, eu estou ferido, quem veio pro quintal ver o que estava acontecendo foi minha namorada. Eu fiquei aqui na porta observando e pelo pouco que vi o cara que tinha a arma era um daqueles que fugiu da cadeia esses dias e atacaram meu amigo. Quase aconteceu uma desgraça porque o miserável pensava que era eu quem estava no meu carro, e era a minha amiga, a Cibele. Não sei quantos eram, eu só pude ver um cara, ele fugiu quando o carro do meu amigo dobrou a esquina, quando eles chegaram eu estava no telefone com ele e graças à Deus ele estava aqui perto.– disse Hanz apontando para a esposa de Paulo.
  - Você devia ter telefonado pra gente assim que eles chegaram aqui, é nossa obrigação cuidar da segurança dos moradores. Não precisam ficar se arriscando, e onde está o Renzo? Por que ele se esvaiu do local da ocorrência? – mesmo conhecendo os envolvidos no acontecimento o policial parecia desconfiado.
  Hanz hesitou um pouco em responder, não havia pensando ainda em qual desculpa dar sobre isso.
  - Não sei, ele saiu atrás do carro dos caras, você sabe como ele é. Eu tô preocupado com ele.. – foi a única coisa que conseguiu dizer.
  - Mas que droga, o cara não toma jeito mesmo. Aguarde um minuto aqui. – disse ele correndo até a viatura e falando no rádio.
  Provavelmente ele estaria dando o alerta sobre a perseguição que estava acontecendo na cidade e isso colocava em perigo os amigos que estavam no encalço de Paulo, mas Hanz não conseguiu pensar em outra coisa.
  Ao terminar de se comunicar com a central o policial foi abordado pelo vizinho que morava em frente à casa de Hanz, que provavelmente havia feito o chamado.
  Hanz e as garotas ficaram apreensivas pois temiam que ele relatasse algum fato que desmentisse a versão que foi dada.
  O policial retornou até ele com uma expressão ainda mais desconfiada.
  - Já dei o alerta. Vamos ver se dessa vez pegamos os meliantes. Mas parece que havia uma garota também armada aqui dentro, no quintal, e parecia ser sua namorada.
  Hanz ruborizou-se, tinha que pensar rápido em uma resposta convincente.
  - Por que está vermelho? Tem alguma coisa que não quer me contar Hanz? – pressionou-o o policial notando sua condição.
  - Bom... é que não me sinto à vontade em declarar que tive que ser defendido por ela. Infelizmente devido ao meu estado ela quis vir até aqui fora e ver o que estava acontecendo. Alguém tinha que fazer alguma coisa já que nossa amiga estava correndo perigo. Ela quando resolveu sair não viu que o cara estava armado, ainda bem que não fizeram nada com ela.
  O policial olhou para as garotas que estavam sentadas na muretinha da área, logo adiante.
  - Hum... sei. Mas que arma era essa? Onde ela está?
  - Arma? Eu não tenho arma aqui em casa. Ela saiu com uma faca de carne que eu tenho, é o mais próximo de uma arma que tenho aqui, o senhor pode averiguar se quiser. – disse Hanz abrindo passagem caso o policial desejasse entrar em sua casa.
  - Não precisa não rapaz, meus companheiros já estão averiguando tudo lá dentro. Se tiver alguma coisa eles vão encontrar, fique sossegado. – disse ele em um tom confiante e ameaçador.
  - Ok senhor, mas com certeza não há nada de errado em minha casa, estou tranqüilo.
  - Tá certo, mas e esses ferimentos no seu rosto e no seu braço, o que houve? – prosseguiu.
  - Nossa, foi ridículo, eu caí aqui em casa encima do meu armário. Fui correr pra atender ao telefone e escorreguei no chão molhado. O Brutus tinha mijado no chão e eu não vi. Mas já fui no hospital e eles cuidaram de tudo. Parece piada não é? – disse Hanz sem graça.
  - É, parece mesmo. Desse jeito você vai acabar morrendo cedo rapaz, tem que tomar mais cuidado. – recomendou o policial vendo seus companheiros saírem da casa.
  - Tá tudo limpo lá dentro sargento. Só encontramos o cesto de lixo lotado de cacos de vidro, nada fora do normal. Vamos verificar os automóveis também? – indagou um deles já na calçada.
  - Não há necessidade, ele já me relatou o que ocorreu, já está tudo explicado. O cara é gente boa, eu conheço ele. O nosso já conhecido Renzo é quem parece estar em mals lençóis, tá brincando de policial por aí, ele foi atrás dos meliantes, é com isso que devemos nos preocupar agora. Hanz, acho melhor você permanecer aqui por hora, amanhã cedo quero você na delegacia fazendo o boletim de ocorrência, vamos ferrar com esses meliantes. Com certeza eles serão pegos essa noite e quanto mais ocorrências tivermos contra eles será melhor. – disse o policial dando-lhe um amigável tapa no ombro.
  Os demais dirigiram-se para suas viaturas, com certeza iriam atrás de Renzo e dos hipotéticos meliantes.
  - Tá certo sargento, amanhã logo cedo eu apareço na delegacia, fique tranqüilo. – disse Hanz aliviado, os policiais tinham acreditado em sua história. Sua preocupação agora era com Renzo e Jean.
  - Vão dormir pessoal, a festa acabou! – disse o sargento entrando em sua viatura.
  Assim que os policiais se retiraram da travessa Hanz fechou seu portão, não queria ficar dando satisfação sobre o ocorrido aos vizinhos que certamente lhe fariam mais perguntas.
  Enquanto Tatiana o trancava Hanz não deixou de observar o olhar sarcástico com que Alex o olhava, ele parecia saber mais do que devia...

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